SÃO PAULO - A força-tarefa da
Operação Lava-Jato apura o vazamento de duas operações realizadas pela
Polícia Federal (PF) nos dois últimos meses. Os investigadores acreditam
que as informações da 23ª e 24ª fases, que tiveram como personagens
principais o marqueteiro petista João Santana e o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, foram repassadas a investigados antes da ação da
polícia. Os agentes da força-tarefa já comentam que, se for identificado
que os vazamento das ações saiu de dentro do grupo, não hesitarão em
“cortar na própria carne”.
—
Se foi alguém de dentro, terá que ter uma punição à altura, exemplar.
Infelizmente, teremos que cortar na carne — afirmou ao GLOBO o delegado
Igor Romário de Paula, coordenador das investigações na Polícia Federal.
As
cúpulas do Ministério Público Federal (MPF) e da PF estão convencidas
de que detalhes das duas operações foram repassados antecipadamente aos
investigados.
— Isso pode
ter atrapalhado a obtenção de provas. O que mais nos preocupa foi o
vazamento da 24ª fase, que pode ter prejudicado a coleta de materiais. O
prejuízo disso? Não sabemos — completou.
BLOG REFORÇA DESCONFIANÇA
No
dia 26 de fevereiro, uma semana antes da ação contra Lula, um blog
ligado ao PT divulgou a quebra de sigilo bancário do petista e de seus
parentes.
Dois dias depois,
no domingo, em uma nova postagem, o blog mostrou uma representação de
busca e apreensão em propriedades ligadas aos investigados. Após a ação
contra o ex-presidente, no dia 4, diretores do Instituto Lula afirmavam
que desde a primeira postagem do blog, eles já estavam preparados para a
ação da PF.
— Esse caso
revela um problema muito sério. Ou alguém invadiu o sistema do
Judiciário, ou alguém de dentro dos três entes da investigação vazou a
informação — disse de Paula.
As
investigações apontam que, antes do primeiro vazamento, houve um acesso
aos documentos dentro da PF feito pelo delegado Luciano Flores,
responsável pelo inquérito contra o ex-presidente. Na Justiça Federal,
foram identificados três acessos: do juiz Sérgio Moro, e de dois
servidores. Dentro da Procuradoria da Republica foi onde se identificou o
maior número de pessoas que acessaram os documentos: oito procuradores
diferentes e 12 servidores.
Nos
últimos 15 dias, investigadores e servidores da PF, MPF e Justiça 7
foram ouvidos. As investigações devem estar concluídas na próxima
semana.
As investigações
sobre a 23ª fase podem demorar mais. A PF identificou que um pedido de
cooperação internacional saiu na imprensa antes da colheita das provas.
Como envolve documentos com trâmites tanto no Brasil, quanto no
exterior, a apuração não tem prazo de conclusão.
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