A oposição reagiu à decisão dada
na noite desta terça-feira pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo
Tribunal Federal (STF), que atendeu pedido feito pelo governo
e tirou das mãos do juiz Sergio Moro as investigações sobre o
ex-presidente Lula. Em um esforço para garantir que a atuação do petista
continue em apuração, os opositores pediram nesta quarta-feira à
Procuradoria Geral da República (PGR) que Lula seja alvo de inquérito
por tentar obstruir a Justiça, conforme ficou evidenciado em conversas
interceptadas pela Polícia Federal. A presidente Dilma Rousseff alçou
seu padrinho político à Casa Civil na semana passada, o que lhe
concederia foro privilegiado. A posse foi barrada em liminar concedida
pelo ministro Gilmar Mendes.
Na
ação, assinada por parlamentares do PSDB, PPS, SD e DEM, conversas
entre o presidente Lula e seus aliados são reproduzidas para demonstrar o
objetivo do petista de fugir da Operação Lava Jato, comandada por Moro.
Em um dos diálogos, o cientista político Carlos Alberto Almeida vai
direito ao assunto: "Tem uma coisa que está na mão de vocês: ministério.
Acabou", diz a Lula.
O
presidente do PT, Rui Falcão, e o ex-ministro Jaques Wagner (Casa Civil)
também foram flagrados buscando soluções para salvar Lula da prisão.
"Se nomear ele hoje, o que acontece?", questionou o presidente do
partido. "Alerta a presidente. Toma a decisão do estado-maior aí",
continuou, após ressaltar a possibilidade de a juíza Maria Priscilla
Ernandes decretar a prisão de Lula. Dilma também aparece antecipando a
entrega do termo de posse de Lula na Civil e aconselha o ex-presidente a
usar o documento "em caso de necessidade".
"Com
efeito, o teor das conversas telefônicas travadas entre Luiz Inácio
Lula da Silva e diversos interlocutores, dentre eles a presidente Dilma
Rousseff, revelaram uma atuação concertada entre diversos atores,
posicionados, inclusive, na alta cúpula do poder Executivo, havendo
sérios indícios de que com o objetivo de causar embaraço às
investigações da Operação Lava Jato, impedindo que elas viessem a
atingir próceres do partido que atualmente ocupa o governo", escrevem os
opositores.
Os parlamentares
afirmam, nos bastidores, que a ação tem ainda o objetivo de constranger
o ministro Teori Zavascki, que, na avaliação deles, está agindo para
blindar o ex-presidente Lula.
A
ação pede também investigação contra Dilma, Rui Falcão e Jaques Wagner.
Outras duas representações foram protocoladas e miram o ministro Edinho
Silva (Secretaria de Comunicação Social).
"Essas
gravações configuram que o PT está usando o Planalto e a presidência da
República como se fosse a sede do partido. Isso é inaceitável", afirmou
o deputado Pauderney Avelino (DEM-AM). "São áudios graves. As conversas
estarreceram o país e cabe agora às oposições dar sequência a essas
providências no sentido de punir quem deseja obstruir a Justiça, impedir
que a Lava Jato prossiga e àqueles que se julgam no direito de usar
cargos públicos para defender interesses particulares", continuou o
deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA).
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