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O juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, disse
hoje (6), em uma palestra nos Estados Unidos, que as investigações que
vêm sendo realizadas no Brasil contra a corrupção no meio político e
empresarial possibilitarão o fortalecimento das instituições e
reforçarão na sociedade a aversão contra o comportamento de pessoas
públicas que descumprem a lei. Moro atribuiu os boatos espalhados na
internet de que seria um agente da CIA (órgão de inteligência do governo
norte-americano) a uma "teoria da conspiração", que busca tirar do
centro do debate político os efeitos positivos das investigações.
Moro
fez uma análise de toda a trajetória da operação, desde o seu início,
em uma conferência na Universidade de Columbia, em Nova York. A palestra
de Moro teve uma pequeno atraso de 12 minutos em razão de protestos de
pessoas que levaram cartazes e gritaram palavras contra o seu
comportamento na condução da Lava Jato. Para os manifestantes, Moro tem
atuado sem a imparcialidade que se exige dos juízes. O seminário é
promovido pela Universidade de Columbia e pela New School for Social
Research. Amanhã (7), no mesmo evento, haverá uma palestra da presidente
do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia.
Em sua fala,
Moro defendeu celeridade nas investigações da Lava Jato para que sejam
evitadas as práticas de "obstrução" da Justiça, como costuma ocorrer
quando há nomes de políticos e empresários importantes envolvidos.
Dirigindo-se ao público presente , ele disse que quem vive nos Estados
Unidos não tem ideia do número de processos em andamento. "É além da
imaginação", disse. Moro arescentou que o excesso de casos acaba
permitindo manobras obstrutivas. "É uma história sem fim", definiu.
Moro
contou que a operação enfrentou, ao longo de seu trabalho, alguns
contratempos. Entre eles a morte do ministro Teori Zavascki, do STF.
Para ele, Teori era profundamente comprometido com a celeridade dos
processos e disse esperar que o novo relator, Edson Fachin, dê
continuidade a esse trabalho.
Doença tropical
Ele
afirmou que a corrupção às vezes se assemelha a uma "doença tropical",
mas destacou que, no caso do Brasil, felizmente o combate aos desvios de
políticos e empresários está mostrando à sociedade que é possível
superar o problema.
O juiz também considerou infundadas as
críticas de que a Lava Jato tem prejudicado a economia brasileira por
envolver grandes empresas que geram investimentos e empregos. Ele disse
que, se os investimentos foram planejados com essa noção de que não há
corrupção, os recursos provenientes dos lucros das empresas vão ser
dirigidos "para combater a miséria" e não para o pagamento de propinas.
Críticas
Sérgio
Moro também comentou as acusações de que a Lavo Jato não tem a
imparcialidade necessária a uma investigação judicial. "Isso não é
certo", rebateu. Ele admitiu que, em alguns casos, segmentos da equipe
de investigação vão além do esperado, mas esclareceu que os exageros não
chegam a comprometer o resultado da operação. "Os crimes estão expostos
e os procuradores e [integrantes do] Judiciário são sérios".
Ao
ser indagado por uma participante sobre os constantes vazamentos da Lava
Jato, Moro disse que que "é muito difícil" saber a origem da informação
quando ela sai do controle da investigação. "É muito difícil saber quem
vazou para a imprensa", disse. Questionado ainda sobre porque aparece
em imagens ao lado de políticos que estão sendo investigados na Lava
Jato, como o caso do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Moro disse que as
fotos divulgadas se referem a um evento público em que, por acaso, os
políticos investigados também participavam. Com informações da Agência
Brasil.