O ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se negou a passar por um exame médico para comprovar que ele tem um aneurisma (dilatação anormal de um vaso sanguíneo), como afirmou em depoimento prestado na terça-feira ao juiz Sergio Moro, durante audiência relativa a processo em que é réu na Operação Lava Jato.
Após
depor por três horas na Justiça Federal em Curitiba, Cunha leu uma
carta de próprio punho na qual afirma que tem o problema – o mesmo que
tinha a ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, mulher do ex-presidente Lula, que morreu na última sexta-feira – e que não teria condições de se tratar na cadeia, onde ele está preso.
Segundo
Luiz Alberto Cartaxo de Moura, diretor do Departamento Penitenciário do
Estado do Paraná (Depen-PR), os médicos convocaram Cunha nesta manhã
para realizar uma tomografia “capaz de dizer se efetivamente ele é
portador dessa enfermidade”, mas ele não aceitou. “O custodiado se negou
terminantemente a fazer os exames”, disse à Globonews.
De
acordo com ele, a recusa em se submeter aos exames caracteriza infração
disciplinar leve e isso será anotado na ficha de Cunha na prisão, onde
ele está desde outubro do ano passado.
Ele revelou, ainda, que não
foi a primeira vez que Cunha se negou a comprovar que tem o problema.
“Ressalto ainda que essa enfermidade foi revelada no dia 21 de dezembro
ao corpo médico do Complexo Médico Penal, que solicitou à família e aos
advogados que fossem encaminhados os exames e os documentos
comprobatórios de tal situação, o que até hoje não aconteceu”,
disse. “Então, por duas vezes, já se tentou comprovar a presença desse
aneurisma e por duas vezes isso não foi possível”, disse.
Aaudiência de terça-feira foi
o primeiro interrogatório do peemedebista diante de Moro. Até então,
Cunha havia adotado o silêncio como estratégia. Oficialmente, ele não
deu qualquer sinal à Polícia Federal e Ministério
Público Federal de que quer colaborar com as investigações. Mas, logo
após ser preso, contratou o criminalista Marlus Arns, de Curitiba,
responsável por algumas das delações da Lava Jato.
Nesta
ação, a segunda em que Cunha é réu na Lava Jato, o deputado cassado é
acusado de ter recebido em suas contas na Suíça propinas de ao menos R$ 5
milhões referentes à aquisição, pela Petrobrás, de 50% do bloco 4 de um
campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em
2011. O negócio foi tocado pela Diretoria Internacional da estatal, cota
do PMDB no esquema de corrupção.
O Ministério Público Federal sustenta que parte destes recursos foi repassada para Cláudia Cruz,
mulher de Eduardo Cunha, também em contas no exterior – a transação
está sendo investigada em outra ação, específica contra a mulher do
peemedebista.
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