São Paulo – O presidente Michel Temer
completou nesta semana 100 dias no cargo de presidente. E parece que a
animação dos investidores com Temer chegou ao fim. Em relatório
divulgado aos clientes, o Verde, um dos maiores fundos multimercado do
mundo, afirmou que a lua de mel do mercado com o governo terminou.
O fundo destaca a piora do ambiente político com a saída de Geddel Vieira Lima,
ex-ministro da Secretaria do Governo que pediu demissão após ter sido
acusado de ter pressionado o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero,
para liberar uma obra no centro histórico de Salvador.
Além da saída de um dos principais articuladores de Temer, o Verde aponta ainda os conflitos jurídicos e legislativo.
Apesar
deste cenário, que fundo considera preocupante, o relatório aponta
manutenção da agenda de medidas econômicas, o que impede que haja uma
piora no mercado.
“Mas a lua de mel terminou, e a dura realidade
de baixo crescimento, alto desemprego, e longo processo de
desalavancagem se impõe.”
Ano maluco
O relatório de gestão do maior fundo de multimercado do Brasil ressalta ainda a vitória de Donald Trump
nos Estados Unidos. Para o Verde, não foi somente a vitória do
republicano que foi surpreendente, mas o desempenho do mercado americano
após o resultado.
Isso porque semanas antes à eleição o S&P
500 chegou a cair por nove dias seguidos, temendo a vitória de Trump.
Com a confirmação da vitória, o índice de small caps nos Estados Unidos,
Russell 2000, subiu por 12 dias consecutivos.
“Esse tipo de comportamento — aliás recorrente neste ano maluco — reflete de certa maneira aquilo que temos chamado da dicotomia Good Trump vs. Bad Trump.”
Os
mercados, acrescenta o Verde, se encantaram com a agenda econômica
republicana, focando exclusivamente no corte de impostos, no estímulo a
investimentos em infraestrutura, e na suposta leniência regulatória do
novo governo. Entretanto, ressalta o fundo, estão se esquecendo dos
enormes riscos de conflitos comerciais, de reversão de imigração, além
de problemas geopolíticos que o novo presidente representa.
“Temos
convicção que uma das principais razões para a sustentabilidade das
margens recordes de lucro nos Estados Unidos é a globalização das
cadeias produtivas. A reversão disso não é estruturalmente positivo,
pelo contrário.”
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