sábado, 1 de julho de 2017

Com reforma da Previdência em risco, governo estuda fim do abono salarial




Michel Temer, Henrique Meirelles e Dyogo Oliveira: O governo está com dificuldades de cumprir a meta fiscal deste ano 
  © Dida Sampaio/Estadão O governo está com dificuldades de cumprir a meta fiscal deste ano 
 
Se a votação da reforma da Previdência naufragar no Congresso Nacional, a equipe econômica já trabalha com uma alternativa para cortar despesas e garantir o cumprimento do teto de gastos e a volta de superávits primários nas contas públicas. A ideia é acabar com o pagamento do abono salarial.

O benefício, que é pago anualmente aos trabalhadores inscritos no PIS/Pasep há pelo menos cinco anos e que têm rendimento médio mensal de até dois salários mínimos, custará R$ 17 bilhões neste ano. Tradicionalmente, era pago de julho a outubro para todos os 22 milhões de trabalhadores que têm direito. Desde 2015, porém, o governo da ex-presidente Dilma Rousseff dividiu o pagamento em duas etapas, como forma de diluir o custo.

O benefício também passou a ser pago proporcionalmente ao tempo de serviço, de maneira semelhante ao 13.º salário – ou seja, atualmente varia de R$ 78 a R$ 937. O custo político do fim do abono salarial, porém, seria bem alto, uma vez que seus beneficiários são a camada mais pobre da população.

Embora o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, considere ainda viável a aprovação das novas regras para aposentadorias e pensões no segundo semestre, depois da votação da reforma trabalhista, sua equipe tem em mãos uma série de medidas que poderão ser adotadas no caso de a proposta de reforma previdenciária ser desidratada ou mesmo não for aprovada.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a Fazenda monitora as negociações da reforma diante do quadro político instável. Mas o ministério não vai ficar parado se a reforma não avançar, informou um membro da equipe econômica, destacando que há alternativas para garantir uma trajetória sustentável da dívida pública.

O fim do abono chegou a ser discutido há um ano, durante a elaboração da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do teto de gastos. Na última hora, a proposta foi retirada, assim como outras medidas mais duras, como o financiamento, pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) – responsável pelo pagamento do seguro-desemprego e do abono salarial –, de despesas de Previdência dos trabalhadores da iniciativa privada e dos servidores públicos, além de benefícios assistenciais previstos na Constituição.

Com as contas fechando no vermelho todos os anos, o FAT precisa da injeção de recursos do Tesouro para bancar o seguro-desemprego e o abono. Para este ano, estão previstos R$ 18 bilhões. A União, porém, já avisou o conselho deliberativo do FAT que não terá como bancar os rombos do fundo nos próximos anos e pediu medidas para diminuir as despesas.

Justificativa. Para a equipe econômica, o abono salarial, criado há 46 anos, não se justifica mais. O argumento é que o benefício foi criado na década de 1970, quando não havia política de valorização do salário mínimo com ganhos reais e nem rede de proteção social.

Eduardo Cunha avisa à PGR que ele vai delatar, diz Veja




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A defesa do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), avisou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que ele vai delatar, finalmente. A informação foi publicada na coluna Radar, da revista Veja.

Os advogados de Cunha, segundo a publicação, saíram da reunião com os procuradores dizendo que agora começarão a colher as informações que o ex-deputado tem para entregar.


Ele foi condenado pelo juiz Sérgio Moro em março deste ano a 15 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem e evasão de divisas no caso que envolve a compra do campo petrolífero de Benin, na África, pela Petrobras, em 2011.

A compra do campo foi feita por 34,5 milhões de dólares, dos quais o peemedebista teria recebido 1,5 milhão de dólares. O negócio foi capitaneado pela Diretoria Internacional da estatal.

O ex-deputado também é alvo de outros inquéritos e sua delação à Polícia Federal é bastante aguardada porque deve envolver nomes importantes do governo do presidente Michel Temer.

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Michel Temer é notificado sobre denúncia de Janot




Presidente Michel Temer faz pronunciamento após denúncia por corrupção da Procuradoria Geral da República - 27/06/2017 © Evaristo Sá Presidente Michel Temer faz pronunciamento após denúncia por corrupção da Procuradoria Geral da República - 27/06/2017
 
O presidente Michel Temer (PMDB) foi notificado oficialmente, na tarde desta quinta-feira, da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que o acusou de ter cometido o crime de corrupção passiva. Em nome do presidente, quem recebeu o documento foi o subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha.

A entrega foi feita pelo primeiro-secretário da Câmara dos Deputados, Fernando Giacobo (PR-PR). Agora, passa a contar o prazo de dez sessões do plenário para que o presidente, se quiser, encaminhe as suas alegações diante da denúncia feita pela PGR.

Leitura

Diante de um plenário vazio, a deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) se encarregou de fazer a leitura do documento. A tucana levou quase duas horas para apresentar aos poucos colegas presentes as 64 páginas escritas por Janot com as acusações contra Michel Temer e seu ex-assessor especial, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).

Os próximos passos da denúncia são a indicação, pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), de um parlamentar para ser o relator da denúncia. Apesar de ser do partido do presidente, Pacheco cogita indicar um nome independente, o que irrita os aliados do governo na comissão.

Depois de Temer apresentar sua defesa, esse relator terá um outro prazo, de cinco sessões da CCJ, para apresentar suas conclusões a respeito. Na sequência, os deputados deverão votar se aprovam ou não o relatório. Independentemente da definição, o documento também terá de ser votado pelo plenário.

Tramitação

Lá, a denúncia precisará do apoio de 342 dos 513 deputados para ser aprovada. Se for confirmada, segue para a decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal (STF). Se o número não for alcançado, a acusação é arquivada. Já na análise jurídica dos ministros do STF, o apoio de mais da metade dos ministros à denúncia representa a transformação de Michel Temer em réu e o seu afastamento automático do cargo de presidente da República.

Caso isso ocorra, a Corte terá 180 dias para julgá-lo, prazo em que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), exerce provisoriamente o cargo. Se Temer for condenado, perde o mandato e é substituído através de eleições indiretas. Absolvido, reassume a função.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Centrais vão incluir o 'Fora Temer' na pauta da greve geral de sexta-feira




Organizadoras dos principais atos de rua contra o presidente Michel Temer, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que congregam entidades ligadas aos movimentos sociais e centrais sindicais, vão incluir o mote de 'Fora Temer" à pauta da greve geral, convocada para acontecer na próxima sexta-feira, 30. As centrais também vão manter o "Diretas Já" e o "não às reformas" trabalhista e previdenciária em tramitação no Congresso como outros dois destaques para a mobilização. 

No manifesto batizado de Dia Nacional de Greve, Mobilizações e Paralizações estão previstos atos como o trancamento de ruas e rodovias importantes nas principais cidades brasileiras. Os organizadores não revelam os locais das ações nem a expectativa de público. 

Em São Paulo está sendo organizado um ato na Avenida Paulista, com concentração marcada para as 16h. Os manifestantes pretendem caminhar em marcha da Paulista até a prefeitura de São Paulo, no Centro.

O advogado Raimundo Bonfim, um dos coordenadores nacionais da Frente Brasil Popular, disse que a marcha até a prefeitura de São Paulo é um protesto contra o programa de privatizações e a postura de "criminalização" dos moradores do Centro da cidade. "Já que o prefeito João Doria quer entrar na pauta nacional, vamos colocá-lo no centro das mobilizações de oposição", disse.

Para o coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e da frente Povo Sem Medo, Guilherme Boulos, a denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva, apresentada nesta semana pela Procuradoria Geral da República, reforça a necessidade de novas mobilizações de rua. 

"A denúncia do Ministério Público Federal deixa claro a incapacidade deste governo de continuar. Não se trata apenas de uma denúncia, mas de provas consistentes de crimes flagrantes. Isso reforça a retomada das ruas no Brasil inteiro para a derrubada desse governo e derrota de sua agenda política", disse.

Fachin envia denúncia contra Temer diretamente para Câmara, diz fonte




⁠⁠⁠O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu na tarde desta quarta-feira enviar diretamente para a Câmara dos Deputados a denúncia contra o presidente Michel Temer para que os parlamentares decidam se autorizam ou não o julgamento do recebimento da acusação criminal, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do caso.

Assim que denunciou Temer na segunda-feira à noite, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, havia pedido a concessão de um prazo de 15 dias para que o presidente apresentasse a sua defesa prévia.
Ministro Edson Fachin durante sessão do STF em Brasília © REUTERS/Ueslei Marcelino Ministro Edson Fachin durante sessão do STF em Brasília A defesa do presidente, contudo, alertou na terça-feira que não havia previsão para que houvesse essa defesa prévia e pediu a remessa imediata da denúncia à Câmara.

Renan renúncia à liderança da bancada do PMDB no Senado




O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) anunciou nesta quarta-feira no plenário do Senado a renúncia ao cardo de líder da bancada do partido na Casa. © Foto: Adriano Machado/Reuters O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) anunciou nesta quarta-feira no plenário do Senado a renúncia ao cardo de líder da bancada do partido na Casa. 
 
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) anunciou nesta quarta-feira no plenário do Senado a renúncia ao cardo de líder da bancada do partido na Casa.

"Devolvo agradecido aos meus pares o honroso cargos que me confiaram", disse o senador.

"Ontem mesmo fiz questão de reiterar o que já havia dito em outro momento, não seria jamais líder de papel, nem estou disposto a liderar o PMDB atuando contra os trabalhadores e os Estados mais pobres da Federação", acrescentou Renan, que tem criticado duramente a reforma trabalhista proposta pelo presidente Michel Temer.

A renúncia ocorre depois de bate-boca na véspera com o líder do governo no Senado e presidente do PMDB, Romero Jucá (RR). 

Renan disse que Temer não tinha "legitimidade" para propor reformas no momento que é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF), disse ser um "erro" do presidente achar que poderia governar sob influência do "presidiário" Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, e ainda insinuou que o presidente não deve concluir o mandato.

Jucá, relator da reforma trabalhista na CCJ, rebateu Renan e defendeu a aprovação do texto e disse que, ao contrário do que alegara o líder peemedebista, a proposta não retira direito dos trabalhadores.

Depois disso, com aval de Temer, Jucá voltou a coletar assinaturas para derrubar Renan da liderança do PMDB.

(Reportagem de Maria Carolina Marcello)

segunda-feira, 26 de junho de 2017

1º FESTIVAL DE QUADRILHAS EM POTIRAGUÁ














Com um show de alegria criatividade, Primeiro Festival de Quadrilhas Juninas da Cidade de Potiraguá Bahia, o grupo vencedor de 2017 foi da cidade de Itambé Bahia, depois de seis horas de apresentações, no Mercado Municipal. A Quadrilha Junina de Itambé, sagrou-se campeã, levou o primeiro lugar da competição e foi a vencedora do prêmio principal do torneio.

O segundo e terceiro lugar ficou com a Cidade de Poções Bahia. Com o Mercado  lotado, os jurados escolheram as três melhores quadrilhas do festival.
FOTOS DO BLOG: RIBEIRA DO CAPIM ASSÚ

Moro condena Palocci a doze anos de prisão na Lava Jato




O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em 1ª instância, condenou, na manhã desta segunda-feira, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho a doze anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A decisão foi proferida em um processo que envolve a atuação da Odebrecht junto a Petrobras, favorecida em troca de repasses de propina ao PT. A sentença também condenou o empresário Marcelo Odebrecht, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari, os marqueteiros João Santana e Mônica Moura, ex-diretores da Petrobras e ex-executivos do grupo Odebrecht.

Na sentença, Moro ressalta que Palocci foi considerado sem antecedentes, uma vez que ainda não foi condenado em outros processos a que é acusado. O juiz ressalta, no entanto, que deve ser considerado negativamente o fato dos valores desviados terem envolvido pagamentos de serviços em campanhas eleitorais. “A contaminação com recursos do crime do processo político democrático é o elemento mais reprovável do esquema criminoso da Petrobras”, escreveu na sentença o magistrado.

De acordo com as delações do grupo Odebrecht, que o juiz avalia terem sido corroboradas por provas, o ex-ministro interferiu nas decisões do governo federal em favor da empresa, em troca de recursos para as campanhas do PT. Seria ele o “Italiano”, codinome ao qual são associados repasses de valores nas planilhas encontradas pela Polícia Federal durante ações na empresa, nas casas e escritórios de executivos.

Nas suas alegações finais, Palocci negou as acusações e pediu a absolvição. Ele está preso preventivamente desde setembro de 2016 e continuará detido após a condenação, mesmo que recorra da decisão. O tempo cumprido agora será debitado da pena que lhe for imputada ao final do processo. O ex-ministro negocia acordo de delação premiada, com a expectativa de que possa comprometer ainda mais a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cujo processo entra agora no radar de Moro, uma vez que também já foram cumpridas todas as etapas processuais, faltando a sentença.

Lula é citado 68 vezes na sentença que condenou Palocci




Lula com Palocci © Reprodução Lula com Palocci
 
Mesmo não sendo réu na ação penal que condenou Antonio Palocci a 12 anos de cadeia, o nome do ex-presidente Lula é citado 68 vezes na sentença do ex-ministro, seja em trechos destacados pelo juiz Sergio Moro ou nas transcrições dos depoimentos que foram usados como provas para estipular as penas de cada réu. O ex-presidente da República deverá conhecer nos próximos sua primeira sentença na Lava-Jato, no caso da compra do tríplex no Guarujá.

Em um dos trechos da sentença, o juiz Moro, ao analisar o conteúdo de e-mails, cuida de identificar o personagem “italiano”, que tinha influência junto ao presidente Lula. “Percebe-se ainda que “Italiano” é a pessoa com acesso ao então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que é também o caso de Antônio Palocci Filho”, escreve o juiz. “Chama ainda a atenção a referência de que, apesar do veto, seriam cogitadas alternativas junto ao então Presidente, “tributárias e ou com a Petrobrás”, para compensar o Grupo Odebrecht, prova da intenção de solicitação de contrapartida ilegal em favor dele por parte do Governo Federal”, diz o texto.

O juiz Moro faz nova referência a Lula ao trascrever depoimento do executivo Pedro Novis, da Odebrecht. “(Novis) admitiu que tratou com Antônio Palocci Filho de doações de recursos não-contabilizados para as campanhas eleitorais do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e 2006”. Ainda citando Novis, o juiz destaca trecho do depoimento no qual o executivo identifica outro personagem ligado a Lula: “Em indagação da Defesa de Antônio Palocci Filho acerca da mensagem eletrônica do item 317, na qual figura como destinatário, (Novis) esclareceu que “Seminarista” era o codinome de Gilberto Carvalho, então chefe de gabinete do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que “Ital” era Antônio Palocci Filho”.

Em seguida, a sentença faz menção ao codinome do presidente Lula nas planilhas de distribuição de propina da Odebrecht: “A planilha retrataria um conta corrente informal entre o Grupo Odebrecht e agentes do Partido dos Trabalhadores, especificamente “Italiano” que seria Antônio Palocci Filho, “Pós Itália” que seria Guido Mantega e “Amigo” que seria o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.

O juiz Moro também transcreve trechos do depoimento de Marcelo Odebrecht, nos quais o executivo confirma ser Lula o “Amigo” citado nas planilhas: “Marcelo Bahia Odebrecht admitiu que a planilha “Posição Programa Especial Italiano” foi elaborada ao seu pedido e que retratava “o programa que eu tinha com o Palocci”. Todos os pagamentos ali retratados, salvo os lançados a título de “Pós-Itália” teriam sido solicitados ou autorizados por Antônio Palocci Filho. “Pós Itália” seria uma referência a Guido Mantega e “Amigo” ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, escreveu Moro.

Na sentença, o juiz destrincha os valores disponibilizados na conta corrente geral mantida entre o Grupo Odebrecht e agentes políticos do Partido dos Trabalhadores, com base nos depoimentos dos executivos da construtora. O juiz cita vários valores, como o dinheiro aplicado em eleições no Brasil e no exterior e 12 milhões de reais destinados à aquisição de um prédio para o Instituto Lula, edifício que depois foi recursado pelo ex-presidente.

Lula também aparece no capítulo da sentença destinado a explicar a atuação da marqueteira Mônica Moura, esposa de João Santana. Confrontada com a planilha Italiano, da Odebrecht, diz a sentença, Mônica “confirmou o recebimento de dezoito milhões de reais em 2008 do Grupo Odebrecht, de cinco milhões e trezentos mil reais em 2008 para campanha em El Salvador, com os valores pagos pelo Grupo Odebrecht por solicitação do ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, e, mais relevante para o presente feito, que receberam em 2011 pagamentos no exterior pelo Grupo Odebrecht para quitar dívida relativa à campanha presidencial de 2010”.

O nome do ex-presidente também aparece no trecho da sentença dedicado ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Primeiro, a informação de que o então tesoureiro João Vaccari Neto começou a atividade de arrecadação de dinheiro para o PT em 2007, por indicação do então presidente Lula. O juiz lembra ainda que Duque disse que os valores destinados ao PT iriam para José Dirceu e para o ex-presidente Lula, sendo uma parcela administrada por Palocci. Na sentença, o juiz destaca três encontros que Duque diz ter tido com o ex-presidente Lula após sua saída da Petrobras, em 2012, encontros esses que Lula nega.

Temer praticou crime de corrupção, diz Janot em parecer ao STF




BRASÍLIA - Em despacho encaminhado com o objetivo de reforçar a necessidade de prisão do ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já adiantou uma constatação que deverá constar na denúncia que deve apresentar até amanhã contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB), e Loures — o ex-assessor especial da presidência que está preso dentro da mesma investigação. Janot diz que, sem dúvida, Temer praticou o crime de corrupção.

"Rodrigo Loures representa os interesses de Michel em todas as ocasioes em que esteve com representantes do Grupo J&F. Através dele, Temer operacionaliza o recebimento de vantagens indevidas em troca de favores com a coisa pública. Note-se que, em vários momentos dos dialogos travados com Rodrigo Loures, este deixa claro sua relação com Michel Temer, a quem submete as demandas que lhes são feitas por Joesley Batista e Ricardo Saud, não havendo ressaibo de dúvida da autoria de Temer no crime de corrupção", afirmou Janot.

Outra conclusão de Janot é que "revela-se hialina [cristalina] a atuação conjunta dos investigados Rodrigo Rocha Loures e Michel Temer".

"Conforme se depreende do contexto fático-probatório, os diversos episódios narrados alhures apontam para o desdobramento criminoso que se iniciou no encontro entre Michel Temer e Joesley Batista no Palácio do Jaburu no dia 7 de março de 2017 e culminou com a entrega de R$ 500 mil efetuada por Ricardo Saud a Rodrigo Loures em 28 de abril de 2017", afirmou Janot.
Rodrigo Janot: O procurador-geral da República, Rodrigo Janot © Dida Sampaio/Estadão O procurador-geral da República, Rodrigo Janot 
 
O procurador ressalta que o encontro no Jaburu foi agendado por Loures e que o fato de ser no fim da noite era para "não deixar vestígios dos atos criminosos lá praticados".

"As circunstâncias deste encontro, em horário noturno e sem qualquer registro na agenda oficial do Presidente da República, revelam o propósito de não deixar vestígios dos atos criminosos la praticados".

Janot destrincha vários pontos de ligação entre Temer e Loures de acordo com documentos e com conversas obtidas nas investigações. Lembra que Loures foi chefe de gabinete de Temer na vice-presidÊncia da República em 2011; que Temer gravou em 2014 um vídeo para campanha de Loures à Câmara dos Deputados; que em janeiro de 2015 Loures tornou-se chefe da assessoria parlamentar de Temer na Vice-presidência, e em abril do mesmo ano foi nomeado como chefe de gabinete da Secretaria de Relações Institucionais da PresidÊncia da República. "Todos esses fatos ilustram proximidade e relação de confiança entre os dois denunciados", disse Janot.

Janot também destacou que Ricardo Conrado Mesquita, da Rodrimar, afirmou em depoimento à Polícia Federal que "foi orientado a procurar Rodrigo da Rocha Loures, uma vez que ele realizava a interlocução entre a Vice-Presidência da República e representantes do setor privado". Segundo o procurador-geral, essa seria "mais uma evidencia de que Rocha Loures atuava coma interlocutor de Michel Temer".

Um outro ponto que Janot afirma é que não faz sentido a alegação de que as menções a Michel Temer nas conversas entre Joesley e Loures eram "venda de fumaça", que é quando alguém propagandeia influência inexistente em relação a agente público.