Você passou dos 50 anos e acha
que o sexo não precisa fazer mais parte da sua vida? Pois trate de
repensar o assunto e buscar maneiras de manter a chama do desejo acesa.
Várias pesquisas mostram que manter relações sexuais ajuda na saúde e no
bem-estar, melhorando a imunidade, a ansiedade e o estresse. E se você
jogar fora as ideias preconcebidas, tem grandes chances de viver o
melhor sexo da sua vida, longe dos medos e dos compromissos que tantas
vezes atrapalham os mais jovens.
Um
dos estudos, realizado na Universidade de Praga, na República Checa,
por exemplo, constatou que os maiores de 50 que praticavam sexo com
penetração vaginal tinham menor pressão arterial e melhores reações ao
estresse.
A ginecologista e
sexóloga, Carolina Ambrogini, de São Paulo, fala que o sexo está muito
vinculado com viver bem, ter prazer e desfrutar a vida tanto para o
homem quanto para mulher. Mas, se mesmo sabendo disso suas desculpas são
muitas para não ter uma “noite quente”, está na hora de saber o que
realmente é mito ou verdade sobre o assunto. Confira!
1. A menopausa é a causa da falta de libido nas mulheres.
MITO.
A
ginecologista e sexóloga Carolina Ambrogini explica que essa fase é
caracterizada pela queda nos níveis de estrógeno, hormônio feminino, e
não da testosterona, hormônio do desejo sexual. Ou seja, ao contrário do
que se pensa, fisiologicamente a menopausa não está diretamente ligada à
falta de libido. “A queda da testosterona até acontece por volta dos 60
anos, mas não dá para afirmar que é apenas isso que influencia na
libido”, diz Carolina.
Segundo
o ginecologista Neucenir Gallani, da Clínica SYMCO, de Campinas (SP),
os hormônios têm papel na vida sexual, mas não são eles que a regem.
“Prova disso é que muitas mulheres melhoram sua vida sexual na
menopausa”, lembra o médico, que ainda comenta: “Libido é desejo e
desejo é ‘cabeça’!”.
Carolina
também concorda com o fato de que a libido é muito mais complexa e que
envolve também o psicológico: “O que afeta o desejo sexual na maioria
das mulheres é o relacionamento desgastado ou um casamento sem
erotismo”, fala a médica. Portanto, trate de colocar mais romance na
relação. Proponha experiências diferentes para o parceiro/parceira e
vice-versa. Também procure se masturbar e se conhecer. Ah! E pense mais
em sexo. Deixe os pensamentos eróticos virem e você vai perceber que seu
desejo vai aumentar.
Neucenir
comenta ainda que a falta de libido pode estar relacionada com o uso de
alguns medicamentos, como antidepressivos, ansiolíticos e
anti-hipertensivos. “Dependendo do medicamento, você pode ter esse tipo
de efeito colateral”, fala o ginecologista. Portanto, se suspeita que
esse é caso, converse com o seu médico.
2. Vagina seca pode ser um incômodo nas relações.
VERDADE. Mas tem solução!
A
ginecologista Carolina fala que, com a queda dos níveis de estrogênio, a
mucosa vaginal vai ficando mais fina e com menos vascularização. “Por
conta da redução dos vasos sanguíneos, ela demora para se lubrificar
podendo causar desconforto e até dor. Por isso, indico o estrogênio
tópico para manter a mucosa vaginal saudável e possibilitar que a mulher
tenha uma boa vida sexual. Esse tipo de hormônio age apenas no local e
não aumenta o risco de câncer de mama, além de prevenir a alteração da
flora vaginal”, explica Carolina. Já as mulheres que sofrem muito com os
sintomas da menopausa precisam avaliar junto com seu médico a
necessidade da reposição hormonal. Ela lembra ainda que o uso de gel na
hora do sexo e muitas carícias também ajudam a evitar esses
desconfortos, portanto não economize nos beijos e nas preliminares.
3. Todos os homens sofrerão com a impotência.
MITO.
Apesar
de um número grande de homens terem uma disfunção sexual — são 25
milhões de homens acima de 18 anos, segundo dados da Associação
Brasileira de Urologia — não são todos que apresentarão o problema.
Carolina
explica que a excitação é um fenômeno vascular, quando o pênis se enche
de sangue e a ereção acontece. “Mas, para isso, os vasos precisam estar
saudáveis. Doenças como hipertensão e diabetes, ou mesmo tabagismo e
problemas vasculares comprometem a vascularização e aí surge a disfunção
erétil”, fala. É por isso mesmo que ela reforça a ideia de manter
hábitos saudáveis para diminuir os riscos de ter o problema. Que tal
criar uma rotina de exercícios e uma dieta saudável? E caso o problema
surja, busque a ajuda de um médico. Ele vai avaliar se você deverá ou
não usar medicamentos que auxiliem na ereção.
4. O orgasmo é algo quase impossível para as mulheres depois dos 50 anos.
MITO.
Segundo
a sexóloga, chegar ao clímax depende de uma boa excitação. “O que pode
acontecer é ele demorar mais para acontecer. Isso porque, depois da
menopausa, a mulher precisa de um pouco mais de estímulo para ficar
excitada e lubrificada”, explica Carolina.
A
especialista lembra ainda que o orgasmo também é um mix de fantasia e
fricção. Portanto, pense mais em sexo e permita-se vivenciar as
fantasias. “Se a pessoa já tinha orgasmos antes da menopausa, isso não
vai mudar”, diz Carolina. Basta ter um pouco mais de paciência e
continuar alimentando as fantasias sexuais. Combinado?
5. A vagina pode ser tornar flácida, causando desconfortos ou até a falta de sensibilidade.
VERDADE. Mas dá para melhorar!
Carolina explica que isso tem
muito a ver com partos vaginais principalmente de bebês grandes, além da
perda de colágeno que acontece por conta do envelhecimento. “A flacidez
da vagina pode diminuir a sensibilidade da mulher durante a relação”,
avalia a ginecologista que recomenda os exercícios de fortalecimento dos
músculos do assoalho pélvico como uma maneira de prevenir e até mesmo
reverter o problema.
Segundo
a sexóloga, eles são diferentes do pompoarismo. “O ideal é a mulher
marcar uma consulta com um fisioterapeuta especialista em assoalho
pélvico, que vai orientar quais são os exercícios para fortalecer essa
musculatura”, explica.