BRASÍLIA - O senador Hélio José
(PROS-DF) apresentou nesta segunda-feira, 23, o relatório final da
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Previdência, que investigou
as contas do seguro social no País. O texto de 253 páginas conclui que
"é possível afirmar, com convicção, que inexiste déficit da Previdência
Social ou da Seguridade Social" no Brasil.
Na visão do relator da CPI, os dados e argumentos utilizados pelo governo para propor a reforma da Previdência, em discussão no Congresso Nacional, apresenta "falhas graves" e inconsistências".
"São
absolutamente imprecisos, inconsistentes e alarmistas os argumentos
reunidos pelo governo federal sobre a contabilidade da Previdência
Social, cujo o objetivo é aprovação da Proposta de Emenda Constitucional
(PEC) nº 287, de 2016", afirmou o relator da CPI.
"O grande argumento do governo em sua empreitada de mudança da
previdência se relaciona à questão da existência de um déficit
previdenciário perene e explosivo. Trata-se de uma afirmativa que,
apesar de repisada pelo governo, não é respaldada por grande parte dos
estudiosos", complementou Hélio José.
No relatório, o senador fez uma análise histórica sobre o sistema da seguridade social no Brasil.
Na visão do relator, o orçamento da Previdência começou a ser deturpado
de forma relevante ainda no governo do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, que editou uma Medida Provisória sobre o tema em 2001.
O
texto afirma que a MP do governo tucano "atingiu de morte" a "visão
sistêmica e integrada" da seguridade social, retirando a possibilidade
de "compensação financeira" entre os seus três pilares principais: a
saúde a previdência e a assistência social.
"Houve a efetiva
desintegração das três áreas. Saúde, Previdência e Assistência Social
ganharam uma perversa autonomia tanto financeira quanto de gestão.
Entendemos perversa porquanto tal autonomia provocou o desmembramento
das áreas, em detrimento de uma ação coordenada e sistêmica", explicou
no relatório.
"O chamado Orçamento da Seguridade Social, previsto
na Carta Maior, passou a ser apenas numa peça demonstrativa sem qualquer
utilidade estratégica", argumentou.
Hélio José dedicou algumas
páginas de seu relatório para lembrar da dívida ativa de empresas
brasileiras de grande porte, que deixaram de contribuir com a
Previdência Social, mas continuam sendo beneficiadas com políticas
governamentais.
No texto, ele cita como exemplo o débito da JBS,
que tem, segundo a CPI, uma dívida de R$ 2,4 bilhões com o sistema de
Seguridade Social. "Está faltando cobrar dos devedores e não querer
prejudicar trabalhadores e aposentados, mais uma vez", disse o senador.
Outro
argumento utilizado no texto tem como base a criação da Desvinculação
de Receitas da União (DRU), em 1994, ainda na gestão FHC. "Uma parcela
significativa dos recursos originalmente destinados ao financiamento da
Previdência foi redirecionada.
Segundo cálculos da Associação
Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), somente entre
2005 e 2014, um montante da ordem de R$ 500 bilhões foi retirado da
Previdência via DRU", criticou o senador em seu texto.
O relatório
final será colocado em votação nas próximas semanas, quando os
senadores que compõem a CPI vão analisar a proposta e poder propor
emendas à versão do senador Hélio José.
O presidente da CPI da Previdência, senador Paulo Paim (PT-RS), acusou a TV Senado de cortar a transmissão da sessão, durante a leitura do relatório. Isso porque a emissora de televisão do Senado cortou o sinal da CPI e passou a retransmitir audiência pública da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Paim prometeu cobrar explicações do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).
O presidente da CPI da Previdência, senador Paulo Paim (PT-RS), acusou a TV Senado de cortar a transmissão da sessão, durante a leitura do relatório. Isso porque a emissora de televisão do Senado cortou o sinal da CPI e passou a retransmitir audiência pública da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Paim prometeu cobrar explicações do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).