Se a votação da reforma da Previdência naufragar no Congresso
Nacional, a equipe econômica já trabalha com uma alternativa para cortar
despesas e garantir o cumprimento do teto de gastos e a volta de
superávits primários nas contas públicas. A ideia é acabar com o
pagamento do abono salarial.
O benefício, que é pago anualmente
aos trabalhadores inscritos no PIS/Pasep há pelo menos cinco anos e que
têm rendimento médio mensal de até dois salários mínimos, custará R$ 17
bilhões neste ano. Tradicionalmente, era pago de julho a outubro para
todos os 22 milhões de trabalhadores que têm direito. Desde 2015, porém,
o governo da ex-presidente Dilma Rousseff dividiu o pagamento em duas
etapas, como forma de diluir o custo.
O benefício também passou a
ser pago proporcionalmente ao tempo de serviço, de maneira semelhante ao
13.º salário – ou seja, atualmente varia de R$ 78 a R$ 937. O custo
político do fim do abono salarial, porém, seria bem alto, uma vez que
seus beneficiários são a camada mais pobre da população.
Embora o
ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, considere ainda viável a
aprovação das novas regras para aposentadorias e pensões no segundo
semestre, depois da votação da reforma trabalhista, sua equipe tem em
mãos uma série de medidas que poderão ser adotadas no caso de a proposta
de reforma previdenciária ser desidratada ou mesmo não for aprovada.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast,
a Fazenda monitora as negociações da reforma diante do quadro político
instável. Mas o ministério não vai ficar parado se a reforma não
avançar, informou um membro da equipe econômica, destacando que há
alternativas para garantir uma trajetória sustentável da dívida pública.
O
fim do abono chegou a ser discutido há um ano, durante a elaboração da
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do teto de gastos. Na última
hora, a proposta foi retirada, assim como outras medidas mais duras,
como o financiamento, pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) –
responsável pelo pagamento do seguro-desemprego e do abono salarial –,
de despesas de Previdência dos trabalhadores da iniciativa privada e dos
servidores públicos, além de benefícios assistenciais previstos na
Constituição.
Com as contas fechando no vermelho todos os anos, o
FAT precisa da injeção de recursos do Tesouro para bancar o
seguro-desemprego e o abono. Para este ano, estão previstos R$ 18
bilhões. A União, porém, já avisou o conselho deliberativo do FAT que
não terá como bancar os rombos do fundo nos próximos anos e pediu
medidas para diminuir as despesas.
Justificativa.
Para a equipe econômica, o abono salarial, criado há 46 anos, não se
justifica mais. O argumento é que o benefício foi criado na década de
1970, quando não havia política de valorização do salário mínimo com
ganhos reais e nem rede de proteção social.
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