A defesa do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL)
recorreu nesta terça-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o
ministro Marco Aurélio Mello reconsidere a decisão liminar que
determinou que o político seja afastado da chefia da Casa Legislativa. O
agravo regimental de Renan foi interposto antes mesmo de ele ter sido
formalmente notificado da decisão judicial. Na noite desta
segunda-feira, Calheiros se recusou a receber a notificação e a agendou
para as 11 horas.
Segundo a defesa de Renan Calheiros, caso Marco
Aurélio não revise sua decisão, o caso deveria ser julgado em sessão
extraordinária do STF ou na primeira sessão ordinária da Corte, que
ocorre na tarde desta quarta-feira. A expectativa é que o Plenário do
Supremo julgue o referendo da liminar nesta quarta.
Na noite de
ontem, depois da turbulência política provocada pela liminar, Renan
preferiu não se manifestar publicamente sobre o mérito da decisão
judicial. Recebeu na residência oficial, em Brasília, o vice-presidente
do Senado Jorge Viana (PT-AC), que assumirá o posto oficialmente depois
da notificação de Renan. A Viana caberá levar a plenário temas
considerados cruciais para o governo Michel Temer, como a votação da PEC
do Teto dos Gastos.
Alvo preferencial das manifestações de rua
que tomaram conta do país neste domingo, Calheiros contava com o pedido
de vista do ministro Dias Toffoli, que no mês passado interrompeu o
julgamento da Corte sobre se réus poderiam ocupar a linha sucessória da
presidência da República. Embora já houvesse maioria formada para
impedir que réus em ações penais possam ocupar o Executivo
interinamente, a interrupção do julgamento lhe garantia sobrevida. Sem a
conclusão do caso, esperava que pudesse arrastar até fevereiro o fim do
mandato – na prática apenas duas semanas antes do recesso do Congresso.
Não foi possível.
Na liminar de Marco Aurélio Mello, concedida
após provocação do partido Rede Sustentabilidade, o ministro afirmou que
o afastamento de Calheiros funciona como uma “medida acauteladora” para
evitar o “o risco de continuar, na linha de substituição do Presidente
da República, réu, assim qualificado por decisão do Supremo”. Na última
quinta-feira, o senador alagoano se tornou réu por peculato. Ele é
acusado de usar a empreiteira Mendes Junior para pagar despesas pessoais
de uma filha que teve com a jornalista Monica Veloso. O caso foi
revelado por VEJA.
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