O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) anunciou nesta segunda-feira que a construtora Andrade Gutierrez Engenharia firmou acordo de leniência relativo a um suposto cartel envolvendo obras da Copa do Mundo de 2014. O acordo, o sétimo acertado pelo Cade como desdobramento da operação Lava Jato, envolve também executivos e ex-executivos da empresa.
Segundo
o Cade, as empresas inicialmente apontadas como participantes da
suposta “conduta anticompetitiva” são, além da Andrade Gutierrez
Engenharia: Carioca Christiani Nielsen Engenharia, Construções e
Comércio Camargo Corrêa, Construtora OAS, Construtora Queiroz Galvão
S/A, Odebrecht Investimentos em Infraestrutura, além de pelo menos 25
funcionários e ex-funcionários dessas empresas.
O
Cade afirma que os contatos entre os concorrentes começaram em outubro
de 2007, quando da definição do Brasil como sede da Copa do Mundo, e
duraram até meados de 2011, momento em que foram decididos todos os
estádios em suas respectivas cidades-sede.
Esta é a segunda vez
que a Andrade Gutierrez firma um acordo de leniência com o Cade. No
final de novembro, o órgão de defesa da concorrência tinha anunciado
acordo envolvendo irregularidades em obras de urbanização de favelas no
Rio de Janeiro.
O Cade afirmou em comunicado à imprensa que o
acordo envolvendo obras da Copa foi assinado em outubro e “traz
evidências de conluio entre concorrentes de licitações promovidas para
contratação de obras em estádios de futebol para realização do mundial”.
O
grupo Andrade Gutierrez afirmou em nota à imprensa que “continuará
realizando auditorias internas no intuito de esclarecer fatos do passado
que possam ser do interesse da Justiça e dos órgãos competentes”.
Estádios
Segundo
o Cade, há indícios de que pelo menos cinco licitações relacionadas a
obras de estádios da Copa “foram objeto do cartel”, entre eles a Arena
Pernambuco, em Recife, e o Maracanã, no Rio de Janeiro.
Outros
dois estádios também foram relacionados como alvos do suposto cartel,
mas estão sendo mantidos em sigilo para não atrapalhar as investigações
do Ministério Público, afirmou a Cade.
O Cade afirmou ainda que a
Andrade e os outros signatários do acordo de leniência disseram que
outras três licitações “também podem ter sido objeto da conduta
irregular”, mas que não tiveram participação direta: Arena Castelão, em
Fortaleza; Arena das Dunas, em Natal; e Arena Fonte Nova, em Salvador.
O órgão pode impor multas de até 20% do faturamento bruto das empresas eventualmente condenadas por seu tribunal.
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