O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), falou pela primeira vez nesta terça-feira após ser afastado do cargo por decisão liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello. “Você
afastar por decisão monocrática. Nenhuma democracia, sinceramente,
merece isso”, disse o peemedebista em coletiva de imprensa.
Depois
de se recusar a cumprir a decisão liminar do ministro Marco Aurélio
Mello, que determinava que ele deixasse a presidência do Senado por ser
réu em ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF), Renan também deixou
claro os ares de crise institucional e atacou a decisão monocrática de
Mello. Ele se reuniu com aliados, evitou afirmar diretamente se estava
se insurgindo contra uma ordem judicial e atacou o ministro do STF por
ter afastado o chefe de um poder sem o julgamento de todos os 11
ministros da mais alta corte do país.
“Há uma decisão da Mesa que
tem que ser observada e que é tomada em relação à separação e
independência entre os poderes. É o afastamento há nove dias do término
de um mandato de um presidente de um poder por decisão monocrática. Isso
tem que ser observado com equilíbrio, com responsabilidade, com
isenção, pensando no país”, criticou. O mandato de Renan Calheiros à
frente da presidência do Senado terminava em fevereiro, mas, com o
Congresso em recesso, na prática o político teria pouco menos de duas
semanas no posto.
Com
a artilharia voltada ao ministro Marco Aurélio Mello, o senador disse
que já “cumpriu liminares piores” do magistrado. “Já como presidente do
Senado Federal me obriguei a cumprir liminares piores do magistrado.
Na
tarde desta terça-feira, o líder da Minoria Lindbergh Farias (PT-RJ)
criticou a postura do Senado de desafiar o Supremo. “Eu achei a decisão
da Mesa do Senado estranha. Houve uma decisão do STF e eu aprendi que
decisão a gente tem de cumprir. A decisão da Mesa ficou parecendo uma
forma de não cumprir a decisão do Supremo. Ela aumenta o impasse
político e a indefinição”, disse.
Reservadamente, os senadores
usaram como argumento para não cumprir o afastamento de Renan o fato de a
liminar criar um “fato político” e significar uma espécie de condenação
antecipada do senador. Segundo eles, a ação penal a que Renan responde
por peculato – ele teve despesas particulares pagas pela construtora
Mendes Junior – pode ser arquivada no futuro e, com isso, o político
seria penalizado desde já por uma ação de destino incerto.
No
início da noite de ontem, Mello acatou a um pedido da Rede
Sustentabilidade para tirar Renan do posto sob o argumento de que um
político réu não pode estar na linha sucessória da Presidência da
República. Na última semana, o STF tornou o senador réu ao aceitar uma
denúncia da Procuradoria-Geral da República pelo crime de peculato. Em
novembro, a Corte havia formado maioria para o entendimento de que réus
não podem permanecer na linha sucessória do posto máximo da República. O
julgamento deste caso, no entanto, foi interrompido, pois o ministro
Dias Toffoli pediu vista.
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