BRASÍLIA - O governo apresenta nessa segunda-feira as linhas gerais
da proposta de reforma da Previdência. Em pronunciamento feito antes de
uma reunião com as lideranças da Câmara dos Deputados e do Senado, o
presidente Michel Temer confirmou que o texto estabelecerá uma idade
mínima e que as regras serão mais duras para quem possui até 50 anos.
Para os trabalhadores acima dessa idade, haverá uma regra de transição.
Após o encontro, o presidente ainda se reunirá com sindicalistas.
O
texto será encaminhado ao Congresso Nacional amanhã. Temer, no entanto,
não deu muitos detalhes. Segundo o presidente, ainda há detalhes a
serem fechados. O presidente lembrou várias vezes que, sem a reforma,
não haverá condições sustentáveis para se manter a Previdência e os
benefícios estarão ameaçados para as gerações futuras.
— A
proposta está sendo formatada e finalizada para que possamos amanhã
remeter ao Congresso — disse Temer, na abertura do encontro.
Temer defendeu a reforma e disse que é hora de um ajuste previdenciário que encare de "frente" o rombo.
—
Faremos tudo com um tema espinhoso como esse com muita moderação,
equilíbrio, serenidade e paciência - declarou o presidente, que
completou:
— Chega de pequenas reformas. Ou enfrentamos de frente o
problema ou vamos condenar os nossos próximos a baterem nas portas do
poder público e nada poderem receber.
A reforma deve fixar em 65
anos a idade mínima para a aposentadoria tanto pelo INSS quanto para o
regime próprio, que engloba os funcionários públicos federais. A
proposta também define que o trabalhador terá que contribuir por, no
mínimo, 25 anos para solicitar a aposentadoria.
Hoje não há uma
idade mínima: os trabalhadores podem requerer a aposentadoria após 35
anos (homens) ou 30 anos (mulheres) de contribuição. Há ainda a opção
por idade, aos 65 anos para homens e 60 anos para mulheres, com mínimo
de 15 anos de contribuição.
O texto deve prever uma regra de
transição para quem tem mais de 50 anos. Eles poderão se aposentar pelas
regras atuais, mas terão que pagar um pedágio de 50% sobre o tempo que
faltava para a aposentadoria por contribuição.
A gestação da
reforma previdenciária na gestão Michel Temer teve promessas e recuos.
Logo na primeira semana de governo interino, em maio, sindicalistas
foram chamados ao Planalto e foi criado um grupo de trabalho. Na época, o
ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, havia dito que a reforma seria
enviada ao Congresso Nacional já em julho.
No começo de setembro,
Geddel Vieira Lima, então ministro da Secretaria de Governo, responsável
pela articulação do governo com o Congresso, anunciara publicamente que
o presidente enviaria a reforma naquele mês, antes das eleições
municipais.
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