Em reportagem da edição impressa do próximo dia 26 de março, a revista The Economist diz que as chances de a presidente Dilma Rousseff
se manter no cargo estão "diminuindo a cada dia" pela velocidade de
eventos que minam seu poder que acontecem na política brasileira.
O texto foi antecipado no site da Economist com o título "Tick Tock", em referência aos tiques de um relógio.
Segundo a revista, o mandato de Dilma resiste a um processo de impeachment já aberto na Câmara, enquanto recebe bombardeios por novas provas na Operação Lava Jato, como a delação do senador Delcídio do Amaral e a fatídica conversa sobre o termo de posse divulgada pelo grampo telefônico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedido por Sergio Moro.
"Enquanto deputados votam [no
processo de impeachment], cerca de 300 mil simpatizantes do PT tomam as
ruas em manifestação, em apoio a seus líderes em apuros", diz a revista.
"Antes das multidões estarem dispersas, a nomeação de Lula como
ministro foi bloqueada por um ministro da Suprema Corte."
A
Economist lembra que o país está sofrendo sua pior recessão desde a
década de 1930, mas, ainda assim, está num ritmo de reviravoltas
políticas descontrolado. Os eventos de 16 a 18 de março fazem parte do
que está deixando o país "irritado e perplexo".
"Assim
terminaram as mais agitadas e estranhas 72 horas da história recente do
Brasil", diz. "Elas deixaram a presidente enfraquecida, de forma
possivelmente fatal, a reputação de seu antecessor, antes reverenciado,
em farrapos, e do juiz que conduz a investigação na Petrobras, Sérgio
Moro, danificada também."
A revista inglesa, como de costume, elenca os índices econômicos degradados e projeta um cenário com o vice-presidente, Michel Temer (PMDB),
no poder. A Economist sugere que o político poderia trazer um Ministro
da Fazenda mais forte, com capacidade de "empurrar medidas de
emergência", como impostos sobre as transações financeiras (um exemplo é
a CPMF), para reduzir o déficit orçamentário.
"A
maioria dos brasileiros não compartilham este entusiasmo . Apenas um em
cada seis pensa que um governo liderado pelo Sr. Temer seria bom",
lembra a revista em referência a última pesquisa Datafolha. "Isso é
compreensível. Seis deputados do PMDB estão sendo investigados no caso
da Petrobras, incluindo o o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha."
"Se
Dilma vai ou fica, estes podem permanecer no cargo até depois de uma
eleição em 2018. A renovação que os brasileiros anseiam está a anos de
distância."
PEDIU A RENÚNCIA
Na mesma edição em questão, a revista britânica defende, em editorial, que é hora de a presidente Dilma deixar o cargo.
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