O Ministério Público Federal no
Paraná negou nesta quarta-feira que executivos da Odebrecht tenham
fechado acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato. Na
noite de terça, a empresa informou que o ex-presidente do grupo Marcelo
Odebrecht e demais executivos implicados na operação decidiram colaborar
com a Justiça. "A simples manifestação dessa vontade pela imprensa,
seja por indivíduos, seja por qualquer grupo empresarial investigado,
não possui qualquer consequência jurídica, motivo pelo qual as
investigações e atos processuais continuarão em andamento", diz o MP.
Ainda
que Odebrecht tenha de fato fechado acordo, o MP não poderia confirmar a
delação, cujo sigilo é protegido por lei. Notas destinadas
exclusivamente a negar tais acordos, contudo, são raras. "A simples
intenção demonstrada não tem o condão de descaracterizar a contínua ação
do Grupo Odebrecht em obstruir as investigações em andamento, como
ficou caracterizado na recente 26ª fase da Operação Lavajato, com a
tentativa de destruição de seu sistema de controle informatizado de
propina", prossegue a Procuradoria.
É
esperado que uma delação de Marcelo Odebrecht envolva políticos com
foro privilegiado - o que levaria as negociações sobre os depoimentos do
executivo para a Procuradoria-Geral da República, como se deu com os
empreiteiros da Andrade Gutierrez. Nos depoimentos de colaboração com a
Justiça, a Andrade implicou a campanha da presidente Dilma Rousseff e
admitiu aos investigadores ter desembolsado propina para vencer a
disputa para a construção e revitalização de estádios para a Copa do
Mundo e para participar de obras na usina de Belo Monte, no Rio Madeira.
Marcelo
Odebrecht está preso desde o dia 19 de junho de 2015, quando foi
deflagrada a fase da Lava Jato que investigou a atuação da Odebrecht e
da Andrade Gutierrez com o esquema de fraude em contratos da Petrobras e
de pagamento de propina a agentes públicos. Odebrecht já foi condenado a
19 anos e quatro meses de prisão, em regime fechado, pelos crimes de
corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa e responde a
outras ações penais relacionadas ao petrolão. Nos bastidores, Odebrecht
era pressionado por familiares para fechar um acordo de delação
premiada e, mesmo com a penalidade imposta pelo juiz Sergio Moro,
conseguir benefícios judiciais.
Conforme
a Lei 12.850/2013, em caso de delação firmada depois da sentença, a
pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de
regime ainda que ausentes os requisitos objetivos - ou seja, acelera a
progressão de regime.
Nenhum comentário:
Postar um comentário