A presidente Dilma Rousseff
reafirmou nesta terça-feira que não renunciará a seu mandato e disse que
há no Brasil um "golpe contra a democracia" em andamento, ao fazer
críticas ao pedido de abertura de impeachment que tramita contra ela na
Câmara dos Deputados.
Em
discurso no Palácio do Planalto após receber apoio de juristas
contrários ao seu impedimento, a presidente também voltou a fazer
críticas à divulgação de conversas telefônicas que teve com o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que foram interceptadas pela
Polícia Federal.
"O que está
em curso é um golpe contra a democracia. Eu jamais renunciarei. Aqueles
que pedem minha renúncia mostram a fragilidade da sua convicção sobre
o... impeachment porque, sobretudo, tentam ocultar justamente esse golpe
contra a democracia e eu posso assegurar a vocês que não compactuarei
com isso. Por isso, não renuncio em hipótese alguma", disse Dilma.
"A
Justiça brasileira fica enfraquecida e a Constituição é rasgada quando
são gravados diálogos da presidenta da República sem a devida,
necessária e imprescindível autorização do Supremo Tribunal Federal.
Gravados e divulgados em uma evidente violação da segurança nacional",
disparou Dilma.
As conversas
entre a presidente e seu antecessor foram interceptadas pela Polícia
Federal no âmbito das investigações da operação Lava Jato, que apura um
bilionário esquema de corrupção na Petrobras e na qual Lula é
investigado.
O juiz federal
Sérgio Moro, que concentra os processos da operação autorizou a
divulgação das conversas ao tirar sigilo do processo.
"A
democracia é afrontada e ameaçada quando o encarregado de executar a
Justiça opta por descumprir as leis e a Constituição. Um executor da
Justiça não pode assumir como meta condenar adversários ao invés de
fazer justiça", disparou a presidente, sem, no entanto, citar Moro.
DEMOCRACIA E DITADURA
Dilma
também afirmou em seu discurso que não cometeu nenhuma ilegalidade e
disse que não houve crime de responsabilidade que justifique um processo
de impedimento que interrompa seu mandato.
"O
impeachment só pode se dar por crime de responsabilidade claramente
demonstrado. Na ausência de crime de responsabilidade comprovado, com
provas inquestionáveis, o afastamento torna-se ele próprio um crime
contra a democracia. Esse é o caso do processo de impeachment em curso
contra o meu mandato devido a ausência de base legal", disse.
A
presidente, que foi presa e torturada durante o regime militar, disse
que lutará para não sofrer em plena democracia o mesmo que sofreu
durante a ditadura.
"Condenar
alguém por um crime que não praticou é a maior violência que se pode
cometer contra qualquer pessoa. É uma injustiça brutal. É uma
ilegalidade. Já fui vítima dessa injustiça uma vez, durante a ditadura, e
lutarei para não ser vítima de novo em plena democracia."
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)
Nenhum comentário:
Postar um comentário