A 26ª fase da operação
Lava Jato divulgou nesta semana que a empreiteira Odebrecht tinha um
"departamento de propina" para movimentar altos valores de dinheiro em
pagamentos ilícitos para agentes públicos e políticos principalmente em
2014.
No entanto, segundo reportagem do UOL, o esquema de
corrupção pode ser ainda mais antigo. Os documentos apreendidos indicam
que, durante o mandato presidencial de José Sarney (1985-1990), houve
procedimentos semelhantes aos apontados pelos investigadores da Lava
Jato. Eles envolviam 516 agentes públicos, empresários, empresas,
instituições e políticos, entre eles, há ex-ministros, senadores,
deputados, governadores, integrantes de partidos como PSDB, PMDB e PFL
(atual DEM).
A reportagem teve acesso a quase 400 documentos
internos da empreiteira, a maioria datada de 1988. Os papeis estavam em
posse de uma ex-funcionária da Odebrecht e detalham remessas e propinas a
diversos políticos. A publicação recorda que os documentos citam
codinomes para os receptores dos pagamentos e as propinas eram
calculadas a partir de percentuais dos valores de obras da empreiteira
nas quais os agentes públicos estavam envolvidos.
Entre os citados
estão o deputado federal Antonio Imbassahy, prefeito de Manaus Artur
Virgílio, Jader Barbalho, atualmente senador, ex-ministro de Minas e
Energia, senador Edison Lobão, os filhos do ex-presidente José Sarney,
Fernando e José Filho, Roseana Sarney, ex-presidente e atualmente
senador recém-desfiliado do PTB, Fernando Collor de Mello, Aroldo
Cedraz, atual presidente do TCU, e o já falecido ex-deputado federal e
governador do Mato Grosso, Dante Oliveira (1952-2006).
A Odebrecht
declarou "que não se manifestará sobre o tema". Os políticos citados
negaram qualquer envolvimento em esquema de propinas com a construtora.
O esquema
Segundo
Conceição Andrade, ex-funcionária da empresa e que trabalhou no
departamento responsável pelos pagamentos , o esquema sempre existiu.
"O
esquema naquela época era mais ou menos como esse divulgado essa
semana, só não tão organizado assim. Esse esquema de propina, de fraudar
licitações, sempre existiu na empresa. Aliás em todas as grandes, o
esquema sempre foi esse", contou a ex-funcionária.
Conceição
também contou que quando foi demitida os documentos vieram nas caixas
que ela pegou do escritório. "Quando fui demitida e peguei os pertences
pessoais, esses documentos estavam no meio da caixa, acabaram vindo
junto. As pessoas recomendaram que me desfizesse, mas achei bom guardar.
É preciso traçar um paralelo, mostrar que isso é antigo. Alguns desses
crimes podem até estar prescritos, mas isso tudo mostra que o esquema
vem de bem antes. A saída é reforma, não é demonizar o PT", explica.
Investigação
A
reportagem refere que em 2015, Conceição entregou a documentação ao
deputado federal Jorge Solla (PT-BA). Solla apresentou tudo em dois
âmbitos: na Polícia Federal e na CPI da Petrobras.
Os documentos
foram entregues ao delegado Bráulio Galloni, que, por sua vez, remeteu
tudo para Curitiba, sede da força-tarefa da Lava Jato. Atualmente, estão
na Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da Polícia Federal.
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