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16/03/2016, 19h26
Grampo da Polícia Federal pegou diálogo
tenso da presidente com seu antecessor no dia do estouro da Operação
Aletheia, 4 de março
No dia em que o ex-presidente Lula foi conduzido coercitivamente pela
Operação Aletheia para depor em uma sala no Aeroporto de Congonhas, a
presidente Dilma Rousseff telefonou para seu antecessor – Lula já estava
na sede do PT, onde declarou à imprensa que ‘a jararaca está
viva’. Lula foi pego em um grampo, com autorização do juiz federal
Sérgio Moro. Dilma não é alvo da investigação, mas caiu na interceptação
ao ligar do Palácio do Planalto para seu antecessor.
Na conversa com Dilma, o ex-presidente atacou os investigadores, o
juiz federal Sérgio Moro, os tribunais superiores e a imprensa. Ele
comenta, indignado, o fato de ter sido ouvido por quase três horas pela
Polícia Federal sobre as atividades do Instituto Lula e de sua empresa, a
LILS Palestras e Eventos “Se os canalhas tivessem mandado um ofício
teria ido prestar depoimento. Eu já fui três vezes a Brasília prestar
depoimento. Eu acho que o Moro quis fazer um espetáculo antes daquele
negócio que tá pra decidir que tá no Supremo pra decidir, mas ele
precisava fazer o espetáculo de pirotecnia.”
Lula reclama que a Polícia Federal fez buscas na residência de seus
filhos e de quadros antigos do PT – Paulo Okamotto, presidente do
Instituto Lula, e Clara Ant, sua assessora.
Dilma pergunta a Lula se ele não achou ‘estranho’ a publicação da
Revista IstoÉ, na quinta-feira, 3, um dia antes da Aletheia, antecipando
a delação do senador Delcídio Amaral, ex-líder do Governo. “O sr não
achou estranho?”, perguntou a presidente.
“É um um espetáculo de pirotecnia sem precedentes, querida. É o
seguinte: eles estão convencidos de que com a imprensa chefiando o
processo investigatório eles conseguem refundar a República. Nós temos
uma Suprema Corte totalmente acovardada, um Superior Tribunal de Justiça
totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado, somente nos
últimos tempos o PT e o PC do B começaram a acordar, um presidente da
Câmara fudido, um presidente do Senado fudido, não sei quantos
parlamentares ameaçados e fica todo mundo no compasso achando que vai
acontecer um milagre.”
Lula ataca a força-tarefa da Operação Lava Jato. “Eu estou,
sinceramente, estou assustado é com a república de Curitiba porque a
partir de um juiz de primeira instância tudo pode acontecer nesse País,
tudo pode acontecer.”
Depois, o ex-presidente revela a Dilma sua estratégia. “Eu tô dizendo
aqui pro PT que não tem mais trégua, que não tem que ficar acreditando
na luta jurídica, ou seja, nós temos que aproveitar a nossa militância e
ir prá rua. Eu vou antecipar minha campanha prá 2018, vou acertar de
viajar esse país a partir da semana que vem e quero ver o que vai
acontecer. Lamentavelmente vai ser isso. Eu não vou ficar em casa
parado.”
O ex-presidente relatou a Dilma que a PF fez buscas também na
residência de seus filhos e que os investigadores o questionaram sobre
temas que já teria abordado em outras audiências. “As perguntas são as
mesmas que já respondi a dois delegados da Polícia Federal. Dos meus
filhos eles levaram os mesmos documentos. Foram na casa da Clara Ant,
dormindo sozinha quando entrou cinco homem gigantes. Ela pensou que era
um presente de Deus e era a Polícia Federal.”
(Dilma cai na gargalhada)
“Então é isso ô Dilma, eu acho que foi um espetáculo de pirotecnia. A
tese deles é de que tudo que está acontecendo foi uma quadrilha
montadqa em 2003 (ano de seu primeiro mandato) e, portanto, ela perdura
até hoje, sabe, e dentro do Palácio, até de dentro do Palácio. Então,
eles não precisam de explicação com a teoria do domínio do fato não
precisa de explicação. Eles colocam em prática.”
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