A praia de Copacabana, no Rio
de Janeiro, recebeu na manhã deste domingo (13/03) a maior manifestação
carioca pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ao contrário dos
protestos de 2015, políticos de partidos como PSDB, DEM e PSD tiveram
abertura para falar ao microfone. A VEJA, o ex-petista e ex-deputado
federal Fernando Gabeira afirmou que "as manifestações de hoje serão
suficientes para mostrar que o Brasil quer mudança e para Dilma cair".
Dois
candidatos a prefeito do Rio foram à passeata pedir pela saída da
presidente. O ex-peemedebista e atual tucano Carlos Roberto Osório disse
que hoje é dia de "mandar uma mensagem clara: não concordamos com o que
está acontecendo em Brasilia. Queremos sonhar juntos por um país
melhor". O deputado federal Indio da Costa afirmou que não seguirá a
orientação do seu partido, o PSD, que participa da base do governo
Dilma. "Votarei pelo impeachment".
No
carro de som, ao serem listados os parlamentares contrários ao
rompimento com o PT, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani; o
candidato de Eduardo Paes (PMDB) a prefeitura, Pedro Paulo Carvalho
(PMDB); a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) e o senador Lindberg
Farias (PT) ganharam vaias. Foram mal recebidos pela maioria dos
presentes. Ao final do corjeto, alguns militares da reserva que gritavam
pela intervenção das Forças Armadas. Um acordo com os organizadores do
protesto fez com que eles se posicionassem nos últimos momentos do
protesto.
Pela primeira vez,
celebridades deixaram as redes sociais e também tomaram as ruas. É o
caso de Suzana Vieira, Marcio Garcia e Marcelo Serrado. "A gente como
cidadão e artista tem que se posicionar. Estou com vocês. Chega dessa
quadrilha", disse Serrado, em cima do carro de som do movimento Vem pra
Rua. Suzana Vieira, chamada ao microfone diversas vezes pelos
organizadores, levou Copacabana ao delírio. "Qualquer palavra que eu
diga será pequena perto desta passeata. Aqui já está sendo dito que o
Brasil precisa de Sérgio Moro. Temos que cuidar dele", disse. Os três
chegaram em um mini ônibus e vestiam blusas amarelas com o rosto de Moro
pintado em verde. Antes de Suzana subir ao carro de som, tocou a música
tema da novela A regra do jogo, na qual ela interpretava Adisabeba. "O
sol há de brilhar mais uma vez", dizia um dos versos de autoria do
sambista Nelson Cavaquinho. Também compareceram nomes do futebol, como
os treinadores René Simões e Carlos Alberto Parreira. "O país está
desgovernado, perdeu o rumo", afirmou Parreira.
Desta
vez, o perfil dos manifestantes não se restringiu aos habituais adultos
e idosos moradores do bairro. Jovens e até crianças participaram da
passeata pelo fim da corrupção. "Acabei de me formar e não consigo
emprego. Queremos um Brasil melhor", disse o engenheiro Bruno Botelho,
de 24 anos. "A Justiça tem de ser feita e nós estamos aqui para apoiar o
Sérgio Moro", afirmou a educadora física Natália Ewbank, de 25 anos.
Mães também levaram filhos para caminhar pela Avenida Atlântica sob os
gritos de "Lula guerreiro, amigo de empreiteiro", "A nossa bandeira
jamais será vermelha" e "Fora PT". Diana Salotto, de 44 anos, levou o
filho e a sobrinha, ambos de seis anos. Partiram de Volta Redonda, a
duas horas da cidade, para manifestar. "Viemos para somar", conta.
Os
manifestantes chegaram das mais diversas regiões da capital fluminense e
até mesmo do estado. A empresária Eliane Pinto, de 56 anos, da Zona
Oeste, chegou em uma van fretada por 14 amigos. "Custou 300 reais para
todo mundo porque o motorista também é a favor do impeachment e fez
desconto", disse. Por ali mesmo, no calçadão, comerciantes aproveitaram
para faturar. Bonecos infláveis representando o ex-presidente Lula
vestido de presidiário, apelidados de "pixulecos" e "lulecos", eram
vendidos a 20 reais, assim como camisetas com o mesmo mote. Alguns
manifestantes preferiram assistir ao cortejo de camarote, de suas
janelas na orla, onde estenderam bandeiras do Brasil. Depois de quatro
horas de protesto, o público começou a dispersar, lotando bares e
lanchonetes do bairro.
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© Daniel Ramalho
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