O procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, que participa nesta quarta-feira (16) em Paris da
reunião ministerial anti-corrupçāo da Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), disse que o Ministério Público Federal
está examinando a possibilidade de pedir ao Supremo Tribunal Federal
(STF) abertura de investigação para apurar denúncias contra o
vice-presidente Michel Temer (PMDB), contra o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, contra o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e
contra o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).
O jornal O Globo
publicou que a abertura dessas investigaçōes já foi decidida e que há
também a possibilidade de instauração de um inquérito para investigar a
conduta da presidente Dilma Rousseff na nomeação do ministro Marcelo
Navarro para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
"Apenas
falo do que já fizemos, e não do que vamos fazer. Estamos examinando os
casos. Se houver indício, vamos abrir investigação, seja quem for.
Estamos numa República. Ninguém tem privilégios ou tratamento
diferenciado, nem a presidente da República", disse antes de uma
mesa-redonda sobre cooperação internacional contra a corrupção.
Sobre a notícia veiculada no O Globo de
que a Procuradoria deve chamar para depor o lobista Marcos Valério
Fernandes de Souza, o que poderia resultar na reabertura do mensalão,
Janot disse que "teoricamente tudo é possível" e que Valério poderia até
ganhar uma delação premiada. "A lei não proíbe que haja colaboração
após condenação".
O processo
do mensalão levou à prisão a antiga cúpula do PT. Valério seria chamado
para explicar se recebeu dinheiro do PT a mando do ex-presidente Lula
para não denunciar líderes do partido durante o processo do mensalão.
Sobre a possibilidade de Lula ocupar o cargo de ministro do governo Dilma, Janot disse: "É problema dele".
Curiosidade sobre a Lava Jato
Janot
afirmou ainda que os participantes do encontro da OCDE estão muito
curiosos sobre a operação Lava Jato e que são muito solidários com as
investigações."O caso do Brasil está fora da curva, porque aqui estamos
tratando da corrupção transnacional. Mas a Lava Jato acaba se refletindo
também neste tema", disse.
Segundo
p procurador, é difícil estimar o numero de empresas brasileiras que
são acusadas de suborno mo exterior, mas que, com certeza, ele aumentou.
"Partimos do zero, então vamos em um crescendo."
De
Paris, Janot vai à Suíça participar de uma reunião com o Ministério
Público do país europeu para montar uma equipe equipe conjunta de
investigação. "As negociações entre o MP suíço e o brasileiro já estão
bem avançadas, provavelmente a Itália também participará. Se circulamos
diretamente a informação entre um MP e outro, conseguimos maior
velocidade nas investigaçõe", afirmou.
A
mesa-redonda da qual o brasileiro vai participar às 14h de Paris, sobre
a cooperação internacional na prevenção da corrupção transnacional,
também terá a participação de Michael Lauber, procurador-geral da Suíça;
Gerd Billen, secretário de Estado do Ministério Federal da Justiça e
Proteção dos Consumidores da Alemanha; Agus Rahardjo, comissário-geral
do Comitê pela Erradicação da Corrupção da Indonésia; e Anca Jurma,
procuradora e chefe da Direção Nacional Anticorrupção da Romênia.
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