O juiz Sergio Moro, da 13ª Vara
Federal de Curitiba, aceitou na noite desta sexta-feira pedido da
defesa do empresário José Carlos Bumlai e cancelou o depoimento que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestaria na próxima
segunda-feira como testemunha no processo a que o pecuarista responde na
Lava Jato. Na manhã de hoje, os advogados do amigo do petista pediram a
dispensa da oitiva de Lula sob a alegação de que ele havia enviado uma
declaração por escrito negando "vantagens" a Bumlai.
As
declarações de Lula estão datadas desta quinta-feira, o mesmo dia em
que o Ministério Público de São Paulo pediu sua prisão preventiva do
ex-presidente no processo em que ele é investigado por suspeitas de ter
recebido benesses de empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na
Petrobras.
Embora tenha
acatado o pedido para que Lula não seja mais ouvido como testemunha de
defesa de Bumlai, o juiz Sergio Moro afirmou que as alegações escritas
enviadas pelo petista "não terão valor probatório para este processo,
uma vez que não submetidas ao crivo do contraditório".
Segundo
os investigadores da força-tarefa da Lava Jato, José Carlos Bumlai
integrou um esquema de corrupção envolvendo a contratação da Schahin
pela Petrobras para operação do navio sonda Vitoria 10000 e a concessão
de um empréstimo fictício para lavar propina que seria encaminhada ao
PT. A transação envolvendo o navio sonda só ocorreu após o pagamento de
propina a dirigentes da Petrobras e ao PT. "O empréstimo teria como
destinatário real o Partido dos Trabalhadores, tendo José Carlos Bumlai
sido utilizado somente como pessoa interposta", disse o juiz Sergio Moro
ao aceitar, em dezembro, a denúncia contra Bumlai.
Delação -
Em relação ao envolvimento de Bumlai com o esquema do petrolão, em
acordo de delação premiada o lobista Fernando Baiano disse que, na
tentativa de emplacar um contrato entre a empresa OSX, do ex-bilionário
Eike Batista, com a Sete Brasil, empresa gestada no governo Lula para
construir as sondas de exploração do petróleo do pré-sal, o empresário
amigo de Lula foi acionado para interceder junto ao petista. Em troca, o
pecuarista teria recebido comissão de 2 milhões de reais, que acabaram
repassados a uma nora do ex-presidente Lula para a quitação da dívida de
um imóvel.
Na declaração
escrita dada por Lula, ele não faz referência ao episódio envolvendo sua
nora e, genericamente, diz que "jamais tratamos de assuntos políticos,
muito menos de eventuais interesses do senhor Bumlai junto ao governo,
órgãos estatais ou empresas públicas". "Jamais tive conhecimento de
eventual interesse do senhor Bumlai em negócios relativos a sondas de
prospecção de petróleo, seja através do Grupo Schahin, seja de outros,
assim como jamais manifestei a quem quer que fosse que esse assunto
pudesse causar-lhe problemas ou pedi ajuda para protegê-lo de um mal
cuja existência desconheço", disse Lula.
"Nunca
tive notícia de que o senhor Bumlai pudesse ter se valido de sua
relação pessoal comigo para obter qualquer vantagem ou benefício em
qualquer tipo de negócio, com contraparte pública ou privada", completou
o ex-presidente.
Em
depoimento à Polícia Federal no dia 16 de dezembro, Lula já havia negado
ter pedido a Bumlai que contraísse o empréstimo que teve o PT como
destinatário e dito que também "não recebeu de Bumlai qualquer pedido
para influenciar na escolha da Schahin como operadora do navio-sonda
Vitoria 10000".
"Não
solicitou a Bumlai que contraísse em seu próprio nome empréstimo no
interesse do Partido dos Trabalhadores, que não tratou com Bumlai sobre
eventual empréstimo contraído por ele em benefício do PT, que jamais
tratou com Bumlai sobre dinheiro ou valores", concluiu o ex-presidente.
SUPERCREDENCIAL - José Carlos Bumlai, amigo
íntimo do presidente Lula, estava autorizado a entrar quando quisesse,
na hora em que bem entendesse
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