Um esquema de corrupção semelhante ao descoberto na Petrobras também existiu na empresa Furnas "por vários governos" e "não há dúvidas" de que a empresa "foi usada sistematicamente para repassar valores para partidos", disse o senador Delcídio do Amaral (MS) em sua delação premiada, homologada e divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira.
As propinas teriam sido comandadas pelo ex-diretor de Engenharia da empresa Dimas Toledo, e beneficiado "sem dúvida" o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-presidente do PP, José Janene, bem como o PT, segundo o Delcídio.
Furnas é a maior e mais lucrativa das subsidiárias da Eletrobras, com 17 hidrelétricas, além de termelétricas, usinas eólicas e 24 mil quilômetros em linhas de transmissão pelo país. A companhia registrou lucro líquido de 394 milhões de reais nos primeiros nove meses de 2015.
Segundo o senador, o "esquema de Furnas...era grande", o que fazia da companhia "a jóia da coroa da Eletrobras, sendo a mais cobiçada pelos partidos".
As práticas, no entanto, teriam sido freadas por uma reestruturação da diretoria da estatal pela presidente Dilma "há uns quatro anos atrás".
Em 2011, o engenheiro Flávio Decat, considerado de perfil técnico, assumiu a presidência de Furnas, cargo que ainda ocupa.
"Esta mudança na diretoria de Furnas foi o início do enfrentamento de Dilma Rousseff e (o presidente da Câmara) Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pois este ficou contrariado com a retirada de seus aliados de dentro da companhia", afirmou Amaral.
O senador disse em sua delação que a presidente "teve praticamente que fazer uma intervenção na empresa para cessar as práticas ilícitas, pois existiam muitas notícias de negócios suspeitos e ilegalidade" e que, ao que parece, "a coisa passou da conta".
Procurado via assessoria de imprensa do PSDB, Aécio Neves não respondeu imediatamente. Eletrobras e Furnas também não comentaram imediatamente.
(Por Luciano Costa)