Sete perguntas sobre o mau hálito
O mau hálito, nome popular da
halitose, não é uma doença, mas pode trazer consequências ruins para a
saúde física e mental se não tratado em tempo e corretamente. No Brasil,
as pesquisas mostram que cerca de 30% da população sofre com o
problema. Depois dos 55 anos, a incidência chega a 85%.
Na
maior parte dos casos, essa alteração desagradável do hálito é
provocada por bactérias da boca e pode ser combatida e evitada com o
trio escova, fio dental e raspador de língua. Sem a higienização
completa diária e o tratamento adequado, as bactérias se proliferam e
podem ir parar em outros órgãos, causando complicações maiores.
Além
das questões físicas, o odor ruim pode provocar problemas sociais e
emocionais. A insegurança e o receio de se aproximar ou de falar perto
das pessoas pode atrapalhar as relações afetivas e profissionais,
afetando a auto-estima e desencadeando ansiedade e até mesmo depressão.
Por
essas e outras, vale a pena fazer uma visita ao seu dentista e rever os
seus hábitos de higiene bucal. Atualmente, os profissionais também
podem solicitar o teste do hálito, que verifica com precisão a presença
ou não da condição. Enquanto isso, consulte abaixo sete questões
importantes sobre halitose esclarecidas pelo especialista Alênio Calil
Mathias, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos da Halitose
(SOBREHALI) e diretor do CETH (Centro de Excelência no Tratamento da
Halitose).
1. Do que é formado o hálito?
O hálito é a união do ar expelido pelos pulmões durante a respiração
com os gases provenientes da boca. Quando as condições de saúde geral
estão alteradas por conta de doenças crônicas, gastrointestinais, entre
outras, e da má higiene oral, o hálito passa a conter gases à base de
enxofre, o que causa o odor desagradável chamado de mau hálito.
2. Qual é a principal causa? A
maior causa do mau hálito é a presença de bactérias na boca que liberam
os gases à base de enxofre. Essas bactérias estão presentes na gengiva,
nos dentes e na língua. Em 90% dos casos de mau hálito, o maior vilão é
a saburra lingual, uma camada formada por restos de bactérias, resíduos
de alimentos e células mortas sobre a língua. Em seguida aparecem os
problemas de gengiva, como a gengivite ou tártaro, e dos dentes, a
exemplo da cárie. O problema pode ser evitado com a higienização bucal
completa, o que inclui o uso correto da escova, do fio dental e do
raspador de língua. Para resolver o problema, é preciso procurar um
dentista ciente do tratamento da halitose.
Diminuir
a quantidade de bactérias na boca ajuda a evitar problemas sistêmicos,
pois elas vão para outras partes do corpo com frequência. Isso ocorre,
por exemplo, em procedimentos invasivos como cirurgias com anestesia
geral: nesses casos, o entubamento pode levar as bactérias da boca para
os pulmões, causando pneumonia.
3. Por que ficar muito tempo em jejum provoca o mau cheiro?
Os alimentos são fonte de energia para o nosso organismo. Quando
fazemos as refeições regularmente, o corpo usa a glicose proveniente dos
alimentos para gerar energia. Do contrário, quando ficamos muito tempo
sem comer (por mais de quatro ou cinco horas), o organismo começa a
utilizar gordura para suprir a necessidade de energia. A queima da
gordura (ácidos graxos) libera enxofre, que é expelido pelos pulmões
gerando o mau hálito. Por isso o ideal é a ingestão de alimentos em
períodos menores, a cada três ou quatro horas.
4. Prisão de ventre também é uma das causas?
Sim. Na verdade, existe um mito de que o mau hálito é um problema do
estômago. No entanto, isso corresponde somente a 1% dos casos. Na
maioria das vezes o problema é gastrointestinal. A prisão de ventre faz
com que haja um acúmulo de resíduos no intestino que vão se deteriorando
e, assim, liberando gases à base de enxofre. As moléculas dos gases são
muito pequenas, por isso passam para a corrente sanguínea e
posteriormente são filtradas no pulmão e expelidas na expiração, gerando
o mau hálito. Portanto, uma alimentação à base de fibras e com
alimentos chamados funcionais é muito importante.
5. De que forma o estresse provoca o mau cheiro do hálito? O
estresse faz com haja um aumento de adrenalina no corpo. Esse aumento,
dentre várias outras coisas, causa a diminuição do fluxo salivar,
provocando o acúmulo de bactérias na boca. Isso porque a saliva contém
muitas imunoglobulinas que agem também contra as bactérias. Portanto,
ingerir água com regularidade ajuda bastante a manter a produção de
saliva equilibrada.
6. O mau hálito torna-se mais comum conforme envelhecemos?
Sim, a incidência pode chegar a 85% depois dos 50 anos e está
diretamente ligado à diminuição do fluxo salivar, chamado tecnicamente
de xerostomia. Esse problema é proveniente de medicamentos de uso
contínuo para doenças crônicas, com diabetes, hipertensão, depressão,
entre outros. Nesses casos, o paciente deve estimular a salivação com
métodos mecânicos e químicos para minimizar o problema.
7. O mau hálito pode ser psicológico?
Sim. Existem pessoas que sentem o mau hálito mesmo quando ele não
existe. É a halitose imaginária. Hoje em dia pode-se fazer o chamado
teste do hálito, em que é possível detectar a real presença do problema.
A terapia com psicólogo é indicada para tratar esses pacientes.
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