Dilma vai vetar nova regra de correção das aposentadorias
A presidente Dilma
Rousseff vai vetar, ainda nesta quarta-feira, o texto aprovado pelo
Congresso que incorporou a regra de reajuste do salário mínimo, com
índices acima da inflação, a todos os benefícios e aposentadorias
concedidos pelo INSS. O governo é contra a mudança porque alega que
extensão da norma para aposentados irá comprometer as contas
previdenciárias. Quando a medida foi aprovada pelo Senado, no início de
julho, o ministro da Previdência, Carlos Gabas, classificou-a como
"insustentável" e informou que a alteração irá gerar R$ 9,2 bilhões em
gastos extras por ano.
Esta regra foi um dos chamados
"jabutis" incluídos pela Câmara e mantidos pelo Senado, na Medida
Provisória editada em março pela presidente Dilma Rousseff, que
prorrogava, até 2019, a política de valorização do salário mínimo. O
texto original não previa que esta regra fosse estendida para
aposentadorias, pensões e outros benefícios de quem ganha acima do
mínimo. A Câmara, comandada por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está em
guerra com o Planalto e aprovando seguidas pautas-bomba, endossou e
aprovou a medida, para desespero do governo. O vice-presidente Michel
Temer chegou a dizer que a medida seria "um rombo nas contas públicas".
O
governo lembra que todas as aposentadorias, mesmo as que têm valor
acima do mínimo, já são contempladas anualmente com o reajuste
correspondente à inflação. Este ano, o reajuste dos benefícios foi de
6,23%, equivalente ao INPC de 2014. A presidente Dilma sabe que o veto
lhe trará novo desgaste político, mas considera que isso é "inevitável".
Na conversa que terá com os lideres dos partidos da base e ministros
políticos, vai pedir mais este apoio para evitar a derrubada do veto,
pela sua insustentabilidade.
Além da insustentabilidade, outra
justificativa para o veto é com o princípio que poderia ser criado pelo
projeto, que ao conceder reajustes para toda a base de aposentados
colocaria em risco a própria política do salário mínimo. O ministro
Gabas já havia alegado que "a lógica é equivocada" e "não tem o mínimo
fundamento", além de criar dificuldades econômicas em tempos de ajuste
fiscal. O veto e as suas justificativas serão publicadas no Diário
Oficial desta quinta-feira.
Entenda. A extensão
da regra de correção do salário mínimo a todas as aposentadorias foi
incluída pelos parlamentares em uma Medida Provisória (MP) que a
presidente Dilma Rousseff enviou ao Congresso para manter a política de
valorização do mínimo até 2019. Os parlamentares colocaram uma emenda
que estendeu a fórmula do cálculo - que leva em conta a inflação mais o
PIB dos últimos dois anos - para todos os benefícios previdenciários,
inclusive aposentadorias superiores ao mínimo.
A presidente já
tinha adiantado que vetaria a medida aprovada pela Câmara e pelo Senado.
Segundo cálculos oficiais, o impacto nos cofres públicos seria de R$
3,4 bilhões até 2018. Desde 2006, as aposentadorias acima do piso são
reajustadas, todo ano, só com base na variação do INPC. Neste ano, essas
aposentadorias tiveram incremento de 6,23%, enquanto o salário mínimo
aumentou 8,84%. As três maiores centrais sindicais afirmam que vão
pressionar os parlamentares para derrubar o veto da presidente à
equiparação.
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