Presidente da Eletronuclear recebeu R$ 4,5 milhões em propina, diz Lava Jato
O procurador da República Athayde Ribeiro Costa afirmou
nesta terça-feira, 28, que o presidente licenciado da Eletronuclear,
Othon Luiz Pinheiro da Silva recebeu R$ 4,5 milhões de empreiteiras
investigadas na Operação Lava Jato. Ele foi preso temporariamente hoje na 16ª fase da operação, batizada de Radioatividade.
A
empresa de Otthon da Silva, a Aratec Engenharia, ‘recebeu pagamentos
vultuosos’ também de empresas que compõe o Consórcio Angramon. A Aratec
recebeu no mesmo período pagamento das empreiteiras Andrade Gutierrez e
Engevix, ambas com contratos com a Eletronuclear, por meio de empresas
intermediárias, CG Consultoria, JNobre Engenharia, Link Projetos e
Participações Ltda., e a Deutschebras Comercial e Engenharia Ltda.,
‘algumas com características de serem de fachada’.
“No
caso mais claro, foi constatado que a empresa CG Consultoria,
Construções e Representação Comercial Eireli recebeu entre 2009 e 2012
R$ 2.930.000,00 da Construtora Andrade Gutierrez e transferiu, entre
2009 a 2014, R$ 2.699.730,00 para a Aratec. A CG Consultoria não tem
qualquer empregado e na prática, descontados os custos tributários,
repassou o recebido pela Andrade Gutierrez à Aratec, empresa controlada
por Othon Luiz”, apontou o juiz federal Sérgio Moro, que determinou a
prisão temporária do presidente licenciado da Eletronuclear.
“A
JNobre Engenharia e Consultoria Ltda., que tem o mesmo endereço que a CG
Consultoria, depositou R$ 792.500,00 nos anos de 2012 a 2013 na conta
da Aratec Engenharia. Nestes mesmos anos, recebeu R$ 1.400.000,00 da
Andrade Gutierrez. A aparente utilização dessas empresas como
intermediárias de repasses também é evidenciado pela análise dos
pagamentos individualizados. A título de exemplo, a CG Consultoria
recebeu da Andrade Gutierrez, em 03/2012 e 06/2012, R$ 300.000,00 em
cada um desses meses, e repassou R$ 220.000,00 em cada um desses mesmos
meses à Aratec Engenharia (evento 25, out12 e out13). Em 08/2011, a CG
recebeu também R$ 300.000,00 da Andrade Gutierrez e repassou em 09/2011
R$ 220.000,00 a Aratec. Em 04/2009, algo ligeiramente diferente, tendo
recebido da Andrade R$ 300.000,00 e repassado R$ 250.000,00 a Aratec em
05/2009.”
Segundo despacho do magistrado, a Deustchebras recebeu,
em novembro de 2014, R$ 330 mil da Andrade Gutierrez e, em dezembro de
2014, repassou R$ 252.300 para a Aratec.
Alvos dos mandados de
condução coercitiva são os executivos Renato Ribeiro Abreu, da MPE
Participações, Fábio Adriani Gandolfo, da Odebrecht, Petrônio Braz
Júnior, da Queiroz Galvão, Ricardo Ouriques Marques, da Techint
Engenharia, Clóvis Renato Peixoto Primoi, da Andrade Gutierrez.
COM A PALAVRA, A ANDRADE GUTIERREZ
A
Andrade Gutierrez está acompanhando a 16ª fase da Operação Lava Jato e
destaca que sempre esteve à disposição da Justiça. Seus advogados estão
analisando os termos desta ação da Polícia Federal para se pronunciar.
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