Dólar sobe e fica acima de R$ 3,40 pela 1ª vez em 12 anos
O dólar subiu mais de 1 por cento nesta sexta-feira, fechando acima dos
3,40 reais pela primeira vez em mais de 12 anos, com as incertezas
políticas e econômicas no Brasil pesando e levando os especialistas a
apontarem tendência de alta pelo menos no curto prazo.
A moeda
norte-americana subiu 1,59 por cento, a 3,4247 reais na venda, maior
cotação de fechamento desde 20 de março de 2003, quando encerrou a 3,478
reais. Também em março de 2003 havia sido a última vez que o dólar
tinha ido acima do patamar de 3,40 reais.
Na semana, a divisa
subiu 2,32 por cento e, no mês, o avanço foi de 10,16 por cento, maior
alta mensal desde março (11,7 por cento). No ano, a moeda
norte-americana acumula alta de 28,8 por cento.
"O que preocupa
bastante no futuro são os números da economia brasileira. Com os dados
ruins, vamos ficando cada vez mais perto de perder o grau de
investimento", disse o superintendente regional de câmbio da SLW, João
Paulo De Gracia Correa, para quem o dólar pode ir "facilmente" acima de
3,60 reais se o país for rebaixado.
Na terça-feira, a agência de
classificação de risco Standard & Poor's alertou que o Brasil pode
perder o status de bom pagador devido a riscos políticos, com denúncias
de corrupção no âmbito da Lava Jato, e econômicos.
"Vemos o
governo fragilizado, a economia fraca, falta de união na base aliada e
números cada vez piores... Estamos ficando cada vez mais próximos de
perder grau de investimento", disse.
Nesta sessão, o resultado
fiscal ajudou a azedar o humor dos investidores, após o governo informar
déficit primário de 9,323 bilhões de reais em junho, pior leitura para o
mês da história, número que ressalta as dificuldades do governo para
equilibrar as contas públicas.
"Para qualquer lado que você olhar
tem notícia ruim, seja fiscal ou política", resumiu o superintendente de
câmbio da corretora Tov, Reginaldo Siaca.
Além disso, os
investidores também especulavam sobre a rolagem dos swaps cambiais
--contratos que equivalem à venda futura de dólares-- que vencem em
setembro, correspondentes a 10,027 bilhões de dólares.
O BC rolou
pouco menos de 60 por cento dos swaps que vencem na segunda-feira, a
menor proporção em mais de um ano. O mercado questiona se a autoridade
monetária continuará com a estratégia de rolagens reduzidas diante da
escalada recente da moeda norte-americana, que tende a pressionar a
inflação.
"Num momento como este, o BC não deve anunciar uma
rolagem menor e se fizer isso vai causar mais estresse no mercado",
disse o operador de câmbio da Correparti Corretora Jefferson Luiz Rugik,
para quem o dólar pode ir a 3,50 reais no curto prazo.
Durante a
manhã, a briga pela formação da Ptax, taxa calculada pelo BC que serve
de referência para diversos contratos cambiais, deixou a moeda
norte-americana volátil, com investidores disputando para deslocar a
taxa a patamares favoráveis a suas posições.
No exterior, o dólar
recuava em relação a uma cesta de moedas, após avançar com força nas
últimas sessões diante das expectativas de alta de juros nos Estados
Unidos e preocupações com a desaceleração da economia chinesa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário