Petrobrás recebe nesta sexta R$ 69 milhões repatriados do esquema SBM Offshore
Rio - A Petrobrás receberá
nesta sexta-feira, 31, em solenidade na sua sede, no Rio, um cheque no
valor de R$ 69 milhões referentes à repatriação de valores desviados da
empresa. O valor refere-se a parte dos US$ 97 milhões bloqueados do
ex-gerente executivo da estatal Pedro Barusco no exterior e que ele
aceitou devolveu em seu acordo de delação premiada nas investigações da
Operação Lava Jato. Barusco foi acusado de receber propinas para
fornecer informações privilegiadas da estatal à empresa holandesa SBM
Offshore entre 1997 e 2012.
A cerimônia simbólica para entrega
dos valores repatriados acontecerá na sede da empresa, com a presença do
Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, de procuradores que
atuaram no caso, e também do presidente da estatal, Aldemir
Bendine.
Ex-gerente da área de Exploração e Produção (E&P), Barusco é um dos
22 delatores da Operação Lava Jato. Ele detalhou o esquema de pagamento
de propina nos contratos de afretamento de embarcações e em outros
empreendimentos da estatal, que seriam destinadas a executivos,
políticos e agremiações. De acordo com as investigações, o também
ex-diretor da Sete Brasil teria recebido os valores entre 1999 e 2012
referentes à contratos de afretamento de unidades FPSOs para a estatal.
O
valor que será devolvido à Petrobras representa cerca de 80% do volume
repatriado até abril. Ao todo, somente dos recursos desviados em
beneficio de Barusco, o MPF repatriou mais de R$ 182 milhões. O valor
foi depositado em uma conta da Caixa Econômica Federal, à disposição da
Justiça Federal do Rio de Janeiro. Antes, o dinheiro havia sido
bloqueado por determinação do Ministério Público da Suíça, que acatou
pedido do MPF para a repatriação dos recurso ao País.
A SBM
Offshore, empresa holandesa de construção e aluguel de
navios-plataforma, foi a primeira a fechar acordo de leniência com a
Controladoria Geral da União (CGU), ainda em março, após cinco meses de
negociação entre as partes.
A SBM reconheceu ter pago cerca de R$
130 milhões em "comissões" a funcionários e ex-diretores da estatal. Em
novembro do último ano, a CGU identificou seis "ex-funcionários,
ex-diretores e diretores" que teriam se beneficiado do esquema - e abriu
investigação contra eles. Outros 14 funcionários da estatal eram alvo
de apuração administrativa no órgão.
A própria empresa holandesa
já havia assumido ter pago mais de US$ 200 milhões em propinas em três
países - além do Brasil, teriam sido alvo de corrupção pela empresa
Angola e Guiné Equatorial. Funcionários públicos dos três países teriam
sido subornados para repassar informações privilegiadas à companhia
holandesa. Em novembro do último ano, a empresa firmou acordo com o
Ministério Público holandês para pagar US$ 240 milhões em multas pelos
atos de corrupção praticados nos três países.
A Petrobrás possui
mais de R$ 20 bilhões em contratos de afretamento de embarcações e
prestação de serviços com a SBM. A empresa foi bloqueada de novas
licitações da estatal até que sejam esclarecidas todas as investigações
sobre o pagamento de propinas. A estatal chegou a realizar auditoria no
último ano para apurar as denúncias, que foram inicialmente publicadas
em uma página da internet. Entretanto, após meses de investigações,
informou não ter encontrado irregularidades nos contratos. Entretanto, a
própria SBM chegou a ligar à ex-presidente da estatal Graça Foster,
confirmando os pagamentos indevidos a funcionários da empresa.
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