Propina de Duque foi roubada no centro do Rio, diz Lava Jato
Por Julia Affonso e Fausto Macedo
O
ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque, preso desde março na
Operação Lava Jato, 'perdeu' uma propina de R$ 100 mil em 2011. Denúncia
da força-tarefa do Ministério Público nesta quarta-feira, 29, aponta
que o dinheiro endereçado a Duque foi roubado no centro do Rio, próximo à
sede da estatal petrolífera. Os R$ 100 mil estavam em poder do
executivo João Antônio Bernardi Filho, representante da empresa italiana
Saipem, de serviços de petróleo
.
"Entre
os meses de janeiro e agosto de 2011, no município do Rio de
Janeiro/RJ, o denunciado João Antônio Bernardi Filho, de modo doloso,
ofereceu e prometeu o pagamento de vantagem econômica indevida no valor
de pelo menos R$ 100 mil ao denunciado Renato de Souza Duque", sustenta a
Procuradoria. "Numa ocasião em que o pagamento seria efetivado, João
Bernardi foi assaltado com R$ 100 mil em espécie, quase em frente a sede
da Petrobrás na centro do Rio de Janeiro."
Esta é a terceira denúncia contra o ex-diretor na Operação Lava Jato.
Ele é acusado de favorecer a Saipem na contratação da obra de
instalação do Gasoduto Submarino de Interligação dos Campos de Lula e
Cernambi. Segundo a força-tarefa, João Bernardi é representante da
Saipem.
Na
nova denúncia Duque não está só. Também são acusados João Bernardi, a
advogada Christina Maria da Silva Jorge, o empresário Antônio Carlos
Briganti Bernardi - filho de João Bernardi -, e o lobista Julio Gerin de
Almeida Camargo, delator da Lava Jato que declarou ter sido pressionado
pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), por uma
propina de US$ 5 milhões.
"João Bernardi
(representante da Saipem) atuou lavando dinheiro proveniente de crimes
de corrupção em favor de Renato de Souza Duque, mediante a utilização
das contas das empresas Hayley S/A e Hayley do Brasil para o recebimento
e posterior internalização dos valores provenientes de crime. A Hayley
do Brasil, por sua vez, ocultava e dissimulava o pagamento de vantagem
indevida a Renato de Souza Duque por intermédio da aquisição e posterior
destinação de obras de arte ao ex-diretor", aponta denúncia da
Procuradoria.
Duque é apontado como elo do
PT no esquema de pagamento de propinas na Petrobrás. Ele teria sido
indicado ao cargo pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo
Lula), que nega.
O ex-diretor da Petrobrás
foi preso após a Polícia Federal flagrar a tentativa dele de ocultar
patrimônio não declarado na Suíça por meio da transferência de 20
milhões de euros para uma conta no Principado de Mônaco. Duque já é réu
em duas ações penais da Lava Jato.
A nova
denúncia será submetida ao juiz federal Sérgio Moro, que vai decidir se
abre mais um processo criminal contra o ex-diretor de Serviços da
estatal.O advogado de Renato Duque, criminalista Alexandre Lopes, não
foi localizado pela reportagem.
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