O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), divulgou
nota nesta segunda-feira , 9, em que informa que as sessões que
resultaram na autorização da abertura do processo de impeachment da
presidente Dilma Rousseff sejam anuladas e que uma nova sessão seja
realizada no prazo de cinco sessões a partir da devolução do processo do
Senado. O Senado já recebeu o comunicado de decisão de anulação das
sessões na Câmara.
O deputado atendeu a um pedido da
Advocacia-Geral da União (AGU). De acordo com a nota divulgada por
Maranhão, ele entendeu que os partidos nao podiam fechar questão e
orientar a bancada sobre o impeachment. Ele também informou que os
parlamentares não podiam ter anunciado publicamente o voto e que a
defesa não poderia deixar de falar por último na Câmara. O resultado da
votação também deveria ser formalizado por resolução.
A
Advocacia-Geral da União (AGU) havia protocolado no dia 25 de abril, na
Câmara dos Deputados, pedido de anulação da sessão do último dia 17 de
abril em que a Casa aprovou, por 367 votos a 137, a admissibilidade do
processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Assinado pelo
advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, o pedido elencava pelo
menos quatro ilegalidades na sessão.
Irregularidades
No
documento apresentado pela AGU, a primeira ilegalidade apontada é na
orientação de votos feita pelos líderes partidários durante a sessão.
Para o órgão, a orientação viola a independência das bancadas. A
Advocacia-geral também diz ser irregular o que chama de "incongruência"
nas motivações dos votos alegadas pelos deputados, consideradas alheias
aos motivos do pedido de impedimento.
A AGU elenca ainda como
ilegalidade a manifestação do relator do processo de impeachment na
Comissão Especial da Câmara, Jovair Arantes (PTB-GO), no dia da votação
no plenário. Segundo o órgão, o ato não estava previsto no rito
estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A quarta
irregularidade apontada foi a não abertura de espaço à defesa de Dilma
após a fala do relator.
Senado
O presidente
da Comissão Especial do Impeachment no Senado, Raimundo Lira (PMDB-PB),
disse que o rito do processo está mantido. Para esta segunda, está
prevista a leitura do parecer do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). A
votação está prevista para quarta-feira, 11.
Articulação
Durante
o fim de semana, Waldir Maranhão viajou para São Luís, tentando
costurar apoio político para garantir sua permanência no cargo. No
domingo, 8, o deputado retornou a Brasília no início da noite, no
jatinho da FAB destinado ao deslocamento das autoridades federais. A
bordo também o governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), aliado da
presidente Dilma Rousseff.
'Golpe'
O
ministro da Educação, Aloizio Mercadante, fazia um discurso no Palácio
do Planalto, em Brasília quando ficou sabendo da notícia sobre a
anulação das sessões do impeachment. Com os gritos da plateia de "não
vai ter golpe", ele interrompeu a falo e disse que "vai ter luta, não
vai ter golpe".
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