BRASÍLIA - Dois comunicados
divulgados quase que simultaneamente nesta sexta-feira, pelo Itamaraty,
mostram claramente a nova linha de política externa do governo interino
de Michel Temer. Em uma das notas, o Ministério das Relações Exteriores
rejeita "enfaticamente" as manifestações dos governos de Venezuela,
Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua, além de outras entidades
internacionais, em torno do afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Agora sob o comando do senador José Serra (PSDB-SP), o Itamaraty chamou
de falsas as interpretações de que o impeachment seria um golpe de
Estado.
De acordo com o
comunicado, esses países e organizações - como a União de Nações
Sul-Americanas (Unasul) e a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa
América/Tratado de Cooperação dos Povos (ALBA/TCP) - opinam e propagam
falsidades sobre o processo político interno no Brasil que, assegura o
Itamaraty, desenvolve-se em quadro de absoluto respeito às instituições
democráticas e à Constituição federal.
"Como
qualquer observador isento pode constatar, o processo de impedimento é
previsão constitucional; o rito estabelecido na Constituição e na Lei
foi seguido rigorosamente, com aval e determinação do STF; e o
Vice-Presidente assumiu a presidência por determinação da Constituição
Federal, nos termos por ela fixados", diz um dos comunicados.
Em
outra nota, o Ministério das Relações Exteriores se dirige diretamente
ao secretário-geral da Unasul, Ernesto Lamper. No comunicado, o
Itamaraty repudia recentes declarações de Lamper,, sobre a conjuntura
política no Brasil, "que qualificam de maneira equivocada o
funcionamento das instituições democráticas do Estado brasileiro".
"Os
argumentos apresentados, além de errôneos, deixam transparecer juízos
de valor infundados e preconceitos contra o Estado brasileiro e seus
poderes constituídos e fazem interpretações falsas sobre a Constituição e
as leis brasileiras. Além disso, transmitem a interpretação absurda de
que as liberdades democráticas, o sistema representativo, os direitos
humanos e sociais e as conquistas da sociedade brasileira se
encontrariam em perigo. A realidade é oposta", diz um trecho do
comunicado.
Na quinta-feira,
após o afastamento da presidente Dilma Rousseff, sob o comando do
presidente Nicolas Maduro, autoridades venezuelanas se dedicaram, nesta
quinta-feira, a defender, no Twitter, Dilma. O impeachment foi tratado
como golpe de Estado. O presidente venezuelano pôs em sua conta um link
com o discurso proferido por Dilma momentos antes de deixar o Palácio do
Planalto, e reproduziu, em sua conta, vários trechos do discurso.
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