O advogado-geral da União
(AGU), José Eduardo Cardozo, admitiu nesta segunda-feira que se
encontrou duas vezes com o presidente interino da Câmara dos Deputados,
Waldir Maranhão (PP-MA), para convencê-lo a acatar o pedido da AGU de
anular a sessão da Câmara dos Deputados que aprovou o impeachment da
presidente Dilma Rousseff.
Segundo
Cardozo, a primeira reunião aconteceu na sexta-feira e a segunda, no
domingo à noite, em um jantar na casa do vice-líder do governo, Silvio
Costa (PTdoB-PE), no qual também estava presente o governador do
Maranhão, Flavio Dino (PCdoB). Questionado pelos jornalistas se não via
esses encontros como pouco republicanos, Cardozo afirmou que "é normal"
um advogado se encontrar com os juízes de direito. "Eu fiz aquilo que
qualquer advogado faria. Você despacha com os juízes. Eu o procurei,
expus para ele os argumentos e disse que o PT poderia judicializar o
caso. Se não fosse republicano eu não diria que ocorreu", afirmou
Cardozo.
Indagado sobre o
motivo de não ter informado o encontro em sua agenda oficial, Cardozo
disse que cometeu um "lapso" nesse ponto e que já está orientando sua
equipe a divulgá-lo oficialmente.
Na
nota de repúdio à decisão do interino, o deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), cujo mandato está suspenso pelo STF, afirmou que a influência
de Cardozo na decisão de Maranhão revela uma "interferência indevida na
tentativa desesperada de evitar a consumação, pelo Supremo Tribunal
Federal, da instauração do processo de impeachment da Presidente da
República", conforme disse, em nota.
Cardozo
também se mostrou um pouco desconectado com os desdobramentos do
impeachment no Senado. Chamou de "hipótese" os rumores de que o
presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), ignoraria a decisão de
Maranhão e daria prosseguimento ao processo no Senado, o que se
concretizou minutos depois da coletiva na manifestação de Renan na
tribuna.
O advogado-geral da
União evitou dizer se recorrerá da decisão do peemedebista ao Supremo,
mas afirmou que vai entregar uma petição a Calheiros para que ele
devolva o processo de impeachment à Câmara. "A partir deste momento, é
preciso realizar novamente a sessão de votação. Nula a autorização,
fatalmente será nulo o processo que der prosseguimento à revelia dessa
autorização", disse ele.
O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo,
discursa durante sessão da comissão do impeachment no Senado Federal -
05/05/2016
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