A presidente Dilma Rousseff
deixará o Palácio do Planalto pela porta da frente, acompanhada de
ministros e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, logo depois de
receber a notificação do Senado sobre seu afastamento, e discursará para
os manifestantes e movimentos sociais diante do Planalto, disse à
Reuters uma fonte palaciana nesta quarta-feira.
Convencida
por Lula, a presidente desistiu de descer a rampa do Palácio do
Planalto para não dar a ideia de que, de alguma forma, concordava com
seu afastamento e chancelava a decisão do Senado de abrir o processo de
impeachment. Tradicionalmente, um presidente sobe a rampa ao ser eleito e
só desce por ela ao entregar seu mandato a um sucessor.
A
presidente chegou a gravar, nesta tarde, um pronunciamento à nação, mas
a opção do Planalto foi que ela faça um discurso,pois sua fala pode
atingir a base social do PT, o que não aconteceria com a divulgação de
um vídeo nas redes sociais.
Na
reunião desta manhã, dos 30 ministros presentes, a maioria afirmou que
sairia com a presidente do Planalto. Alguns, como o ministro da Chefia
de Gabinete da Presidência, Jaques Wagner, pretendem fazer a caminhada
de quase cinco quilômetros entre o Planalto e o Palácio da Alvorada,
acompanhando os manifestantes. Dilma, no entanto, deve ir de carro.
A
previsão é que Dilma receba a notificação, entregue pelo primeiro
secretário do Senado, senador Vicentinho Alves (PT-TO), entre 9h e 10h
da quinta-feira. Em seguida, enquanto o senador vai à vice-presidência
notificar Michel Temer, Dilma sai do Planalto ao encontro dos
manifestantes.
Antes disso,
parlamentares que ainda apoiam o governo pretendem ir para o Planalto
esperar a notificação com a presidente, para acompanhá-la na saída.
EXONERAÇÃO
Na
reunião desta manhã, ficou decidido que todos os ministros e assessores
especiais serão exonerados a partir da quinta-feira, depois que a
votação pela admissibilidade do impeachment se encerrar no plenário do
Senado.
As exceções serão o
ministro interino do Esporte, Ricardo Leyser, para não interromper os
preparativos para a Olimpíada, e o presidente do Banco Central,
Alexandre Tombini, que alegou, durante o encontro, ser mais prudente que
ficasse para “não travar o sistema financeiro”. Também ficam nos cargos
os presidentes das estatais.
“A presidente não quer submeter seus auxiliares a perspectiva de serem demitidos por Michel Temer”, disse a fonte.
Os
ministros não esperarão seus sucessores para fazer uma transição. A
decisão é negar qualquer coisa além das informações técnicas necessárias
para o governo continuar funcionando, o que deve ser feito por um
servidor de segundo ou terceiro escalão designado para isso. “A intenção
é fazer um gesto mostrando que não vão compactuar com o golpe”,
explicou a fonte.
Nesta
quarta, os ministros da Justiça, Eugênio Aragão, da Fazenda, Nelson
Barbosa, e do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, já reuniram os
servidores para informar que não fariam transição. A presidente da
Caixa, Miriam Belchior, informou que irá gravar uma mensagem para ser
distribuída aos funcionários do banco antes da sua saída.
TEMER
O
vice-presidente será notificado logo após a presidente e irá
imediatamente para o Planalto, reunindo sua nova equipe e dando posse
aos novos ministros.
Temer
deverá fazer também um pronunciamento à imprensa ainda na manhã de
quinta-feira, ou à tarde, a depender do horário em que a sessão no
Senado se encerra e o momento em que for notificado de que assumirá a
Presidência.
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