Na
tarde desta quinta-feira (10), os
promotores Cassio Conserino e Fernando Henrique de Moraes Araújo deram
uma entrevista coletiva para falar sobre a denúncia feita ontem e que
envolve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua esposa, Marisa
Letícia, e um de seus filhos, Fábio Luis Lula da Silva.
Conserino começou
explicando que a questão envolvendo o triplex é dividida: o apartamento
está relacionado a uma questão estadual, mas o que tem dentro dele, as
reformas, e o sítio de Atibaia, pertencem ao Ministério Público Federal.
O promotor disse que enquanto várias famílias ficaram sem apartamento,
um dos investigados foi contemplado com um triplex. "É esse o mote da
denúncia". Ele ainda revela que não existe o que chama de "juízo de
valor" na denúncia.
Conserino
explicou que o que foi feito é resultado de uma investigação que já vem
sendo realizada há seis anos e que culminou em uma denúncia por crimes
de estelionato. Para o promotor, existem diversos crimes de estelionato e
falsidade ideológica no caso.
Também
participando da entrevista, o promotor Fernando Henrique de Moraes
Araújo revelou que todos os investigados tiveram acesso aos documentos
da investigação desde que ela teve início e ainda puderam entrar com
procedimentos protelatórios. Dessa forma, ele afirma que não
houve violação de princípios constitucionais, como chegou a ser
questionado.
O promotor Cássio
Conserino explicitou que "a Bancoop, ao transferir
empreendimentos inacabados para a OAS, a empreiteira ficou como
sucessora, mas não assumiu a postura correta para com os cooperados, já
que passou a cobrar taxar criminosas, fracionou os terrenos para
construção de prédios de alto luxo e vendeu para pessoas já envolvidas
nas propriedades".
Tais atitudes
"estabeleceram pânico entre todos adquirentes e cooperados da Bancoop,
pois essas pessoas até hoje, nem pela Bancoop ou pela OAS, receberam as
escrituras". As pessoas se viram obrigadas a fazer uma opção simples: ou
pagavam altos valores ou optavam pela devolução do dinheiro investido,
em 36 parcelas, em um período de 12 meses para receber os valores".
Uma
das questões levantadas foi o motivo da operação ser feita em São Paulo
e não no Guarujá. Sobre isso, foi explicado que todas as condutas
encontradas, quer nas assinatura de contrato ou nas realizações das
entregas fraudulentas, operaram-se em São Paulo e, por isso, foi na
capital paulista que aconteceram todas as questões envolvendo as
transferências indevidas.
Os
promotores explicaram que Lula foi indiciado por crimes de falsidade
ideológica, com pena variando entre três a dez anos, e lavagem de
dinheiro, que pode render entre um e três anos de reclusão. Marisa
Letícia foi denunciada por falsidade ideológica, e o filho do casal por
lavagem de dinheiro. Os promotores explicaram ainda que, apesar de serem
investigações diferentes, estão em contato com os responsáveis da Lava
Jato e que irão compartilhar as provas produzidas. Conserino revelou que
as denúncias contra Lula foram baseadas em provas testemunhais e
documentais: funcionários do triplex, zelador, porteiro, funcionários da
OAS, ex-funcionários, empresa responsável pela reforma, entre outros.
Para os promotores, não existe dúvida de que o triplex era destinado para Lula e sua família.
Confira os indiciados:
Família Lula:
– Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente
– Marisa Letícia, ex-primeira-dama
– Fabio Luis Lula da Silva (Lulinha), filho
Bancoop:
– João Vaccari Neto, ex-presidente
– Ana Maria Ernica, ex-diretora financeira
– Ivone Maria da Silva, diretora técnica
– Leticia Achur, advogada
– Wagner de Castro, ex-diretor-presidente da cooperativa e presidente do Sindicato dos Bancários do ABC e de São Paulo
OAS:
– Leo Pinheiro, ex-presidente
– Roberto Moreira Ferreira, diretor de incorporação
– Igor Pontes, coordenador de engenharia
–
Carlos Frederico Guerra, diretor executivo jurídico da OAS
Empreendimentos e diretor de novos negócios no FIP OAS Empreendimentos
– Fabio Yonamine, ex-presidente da OAS Investimentos
– Victor Levindo, ex-diretor da OAS Empreendimentos
– Luigi Petti, diretor de desenvolvimento e incorporação da OAS Empreendimentos
– Telmo Tonolli, diretor regional de incorporações da OAS/RJ
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