O dólar caiu 1,5 por cento
nesta quinta-feira, encerrando abaixo de 3,65 reais pela primeira vez
desde agosto de 2015, reagindo à denúncia do Ministério Público paulista
contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O
dólar recuou 1,50 por cento, a 3,6414 reais na venda, menor nível de
fechamento desde 31 de agosto de 2015 (3,6271 reais). A moeda
norte-americana atingiu 3,6349 reais na mínima do dia, após chegar a
subir a 3,7110 reais diante de especulações de que o Banco Central
poderia reduzir sua intervenção cambial.
Com
o movimento desta quinta-feira, a moeda norte-americana fechou em queda
em sete das últimas oito sessões, marcando sempre baixas de mais de 1
por cento e acumulando queda de 9,04 por cento no período. O dólar
futuro caía cerca de 1,6 por cento.
"O
fator político é o grande direcionador da moeda e assim será por algum
tempo", disse o economista da corretora Lerosa Investimentos Carlos
Vieira.
Na noite passada, o
MP paulista denunciou Lula no caso em que é suspeito de ser o
proprietário oculto de um apartamento tríplex no Garujá, no litoral
paulista.
Muitos operadores
vêm vendendo dólares, em um movimento concentrado no mercado futuro,
apostando que eventuais mudanças no governo poderiam ajudar a
recuperação da economia brasileira. Alguns analistas ponderam, porém,
que as turbulências políticas tendem a pressionar a confiança.
Pela
manhã, o dólar chegou a esboçar leves altas em meio a apostas de que o
BC pode aproveitar a queda recente para reduzir o estoque de swaps
cambiais, contratos equivalentes a venda futura de dólares.
Na
sexta-feira passada, quando o dólar desabou após Lula ser levado para
questionamento pela Polícia Federal, o BC vendeu apenas parcialmente a
oferta de swaps para rolagem dos contratos para abril. No entanto, a
autoridade monetária não reduziu a oferta nos leilões seguintes e voltou
a vender desde então o lote integral.
"O
mercado encheu de ruído sobre o BC. Algumas pessoas acham que ele pode
ver espaço para diminuir a rolagem neste mês", disse o operador de uma
corretora nacional. O BC rolou integralmente os últimos sete vencimentos
de swaps.
Nesta sessão,
continuou na mesma toada e vendeu a oferta total de 9,6 mil contratos no
leilão de swaps para rolagem. Ao todo, a autoridade monetária já rolou
3,663 bilhões de dólares, ou cerca de 36 por cento do lote total para
abril, que equivale a 10,092 bilhões de dólares.
O
recuo da moeda norte-americana nesta sessão foi influenciado também
pela decisão do Banco Central Europeu (BCE) de afrouxar a política
monetária mais do que o esperado. Esse efeito perdeu força, porém, após o
presidente do BCE, Mario Draghi, afirmar que não prevê mais cortes de
juros à frente.
"Não devemos
esperar mais ações até que o BCE veja o impacto das medidas de hoje...
Em última instância, acreditamos que o BCE está comprando tempo",
escreveram analistas do banco BBH em nota a clientes.
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