Nem toda a pessoa vai "cair dura"
É muito comum acharmos que, em caso
de derrame cerebral, a pessoa irá passar mal e desmaiar, devendo ser
encaminhada para o hospital. Entretanto, os sintomas são muito mais
sutis. "Dormência e fraqueza em uma metade do corpo, alteração da fala e
desequilíbrio são alguns dos sintomas de AVC", explica a neurologista e
neurofisiologista Adriana Ferreira Barros Areal, do Hospital Santa
Luzia, em Brasília. É importante entender que o AVC se manifesta como
uma perda neurológica súbita, ou seja, mudanças em seus movimentos,
fala, visão ou qualquer outra coisa que funcionava de uma determinada
maneira e parou de repente ou então você começou a fazer de outra
maneira. É extremamente importante saber reconhecer o AVC o mais rápido
possível, pois o tratamento precoce fará toda a diferente no futuro
desse paciente. Confira alguns dos principais sintomas de AVC:-
Diminuição ou perda súbita da força na face, braço ou perna de um lado
do corpo;- Sensação de formigamento na face, braço ou perna de um lado
do corpo;- Perda súbita de visão em um olho ou nos dois olhos;-
Alteração aguda da fala, incluindo dificuldade para articular, expressar
ou para compreender a linguagem; - Dor de cabeça súbita e intensa sem
causa aparente;- Instabilidade, vertigem súbita intensa e desequilíbrio
associado a náuseas ou vômitos.
Não dê AAS
Muito se fala também sobre ministrar
uma pílula de AAS (ácido acetilsalicílico) quando uma pessoa está
sofrendo um AVC, já que ela afinaria o sangue e impediria um novo
êmbolo. Apesar de ser um raciocínio correto, ele só traria algum
benefício para pessoas que sofreram um AVC isquêmico - e ainda sim não é
nada muito expressivo. "Nos casos de AVC hemorrágico, o ácido
acetilsalicílico pode piorar ainda mais o sangramento, agravando o
quadro", explica a neurologista Adriana. E como não é possível saber
qual tipo de derrame cerebral a pessoa está tendo sem avaliação médica, o
conselho é não dar qualquer medicamento e encaminhá-la para o hospital.
Não dê remédio para pressão
Aqui a lógica é a mesma do ácido
acetilsalicílico: nenhum medicamento deve ser ministrado sem avaliação
médica, ainda que o paciente seja hipertenso. Novamente, é impossível
saber que tipo de AVC a pessoa está sofrendo e se o medicamento irá
beneficiar ou não aquele quadro. "Nos casos em que o paciente tem
hipertensão, a atenção com o rápido atendimento deve ser redobrada, e o
controle do nível de pressão vai depender do tipo de AVC, do tratamento
proposto e da história prévia da pessoa", explica a neurologista
Adriana.
Se a pessoa tiver diabetes, verifique a glicemia
Em pacientes do diabetes, explica a
neurologista Adriana, a glicose muito alta ou muito baixa pode imitar os
sintomas de AVC. "Portanto, a verificação da glicemia ajuda a
distinguir um problema de outro", diz. Dessa forma, é importante fazer
medição e, caso não seja o caso de uma alteração na glicemia, correr
para receber o atendimento adequado.
É necessário procedimento cirúrgico?
Existem dois tipos de cirurgia que
podem ser indicadas para o tratamento do AVC. Se o paciente tiver
obstrução significativa das artérias carótidas no pescoço (caso de AVC
isquêmico), pode precisar de uma endarterectomia de carótida. Durante
esta operação, o cirurgião remove a formação de placas nas artérias
carótidas para reduzir o risco de ataque isquêmico transitório (TIA) ou
AVC. Os benefícios e os riscos desta cirurgia devem ser cuidadosamente
avaliados, pois a cirurgia em si pode causar um AVC. Já para o AVC
hemorrágico, o tratamento cirúrgico visa a retirar o sangue de dentro do
cérebro. Em alguns casos, coloca-se um cateter para avaliar a pressão
dentro do crânio, que aumenta por conta do inchaço do cérebro após o
sangramento. O tratamento cirúrgico para o caso de AVC hemorrágico pode
não ser realizado logo na entrada do paciente no hospital,
principalmente porque alguns têm um novo sangramento poucas horas depois
do primeiro. "Mas nem todo o paciente precisará desses procedimentos
cirúrgicos para se recuperar de um derrame cerebral", diz a neurologista
Adriana. "A indicação cirúrgica também depende da gravidade do quadro e
da condição clinica do paciente, sendo avaliado caso a caso."
Toda recuperação é igual?
Não, o andamento do paciente após um
AVC pode variar muito. Tudo depende de fatores como extensão do AVC,
local do cérebro onde ele aconteceu, demora no tratamento, idade, tipo
de derrame, doenças relacionadas... Não há regra. "Cada caso evolui de
um jeito", afirma Adriana Ferreira. "Todavia, quanto mais precoce e mais
especializado o atendimento em geral os resultados são melhores."
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