Depois de ter adotado um
discurso vitimista nos tribunais e na manifestação feita à sua
militância, na última sexta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva voltou a expor à Polícia Federal a tese de que estaria sendo alvo
da "maior campanha de perseguição que já se fez a um líder político
neste país". A nova manifestação, não assinada, foi entregue por ele
próprio no momento em que prestava depoimento, na sexta, em uma sala do
aeroporto de Congonhas. Intitulado "Os documentos do Guarujá:
desmontando a farsa", o texto, anexado ao processo que envolve Lula na
Operação Lava Jato, é um conjunto de ataques à imprensa e às oposições
na tentativa de desvincular sua família e ele próprio do tríplex no
edifício Solaris, em Guarujá.
O
petista voltou a negar ser o proprietário do tríplex reformado pela
empreiteira OAS, cujos dirigentes já foram condenados no petrolão. Em
janeiro, a Polícia Federal deflagrou a fase Triplo X
da Lava Jato, que investiga a atuação casada entre a offshore Murray,
criada pela empresa Mossack Fonseca no Panamá, e a empreiteira OAS. As
suspeitas são de que imóveis no condomínio Solaris, construídos pela
OAS, possam estar sendo utilizados para camuflar o pagamento de propina
do escândalo do petrolão. O próprio apartamento de luxo do ex-presidente
petista passou a ser alvo de investigação.
"Diferentemente
do que fazem crer os pedidos de prisão e de busca apresentados ao juiz
Sergio Moro pela força-tarefa da Lava Jato, as novidades do caso,
alardeadas pela imprensa, já estavam disponíveis há meses para qualquer
pessoa interessada em investigar esquemas de lavagem de dinheiro - seja
policial, procurador ou jornalista 'investigativo'", atacou o documento
entregue pelo ex-presidente. Segundo ele, desde agosto do ano passado
está anexado no processo que corre em São Paulo informações sobre a
existência de tríplex registrados em nome da offshore Murray.
"Mesmo
que tenham vindo a público agora, em meio a um noticiário
sensacionalista, estes fatos nada têm a ver com o ex-presidente Lula,
sua família ou suas atividades antes, durante ou depois de ter governado
o País", diz trecho da manifestação. "Fracassaram todas as tentativas
de envolver o nome do ex-presidente no processo da Lava Jato, apesar das
expectativas criadas pela imprensa, pela oposição e por alguns agentes
públicos partidarizados ao longo dos últimos dois anos", completa.
"Aos
adversários de Lula, duas vezes eleito presidente do Brasil, maior
líder político do País, responsável pela maior ascensão sociais de toda a
história, restou o patético discurso de procurar um crime num
apartamento de 215 metros quadrados, que nunca pertenceu a Lula nem a
sua família", continua o documento. "A mesquinhez dessa denúncia, que
restará sepultada nos autos e perante a história, é um final inglório da
maior campanha de perseguição que já se fez a um líder político neste
país. Sem ideias, sem propostas, sem rumo, a oposição acabou no Guarujá.
Na mesma praia se expõem ao ridículo uma imprensa facciosa e seus
agentes públicos partidarizados".
Ao
autorizar a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva para prestar esclarecimentos na 24ª fase da Operação Lava Jato,
deflagrada na sexta, o juiz Sergio Moro disse haver suspeitas de
"recebimento sub-reptício de valores" por parte do petista e indícios de
que ele ocultou e dissimulou patrimônio. O magistrado também colocou em
xeque a "generosidade" das empreiteiras em fazer pagamentos milionários
para que ex-presidente desse palestras.
O
despacho que embasou a condução coercitiva contra o petista, Sergio
Moro afirmou que "os elementos probatórios mais relevantes até o momento
colhidos estão aparentemente relacionados com o recebimento
sub-reptícios de favores pelo ex-presidente das empreiteiras envolvidas
no esquema criminoso da Petrobras". Segundo a força-tarefa da Lava Jato,
empreiteiras investigadas por participação no propinoduto da Petrobras
atuaram na reforma do sítio que seria de Lula, em Atibaia, e na compra
de quase 560.000 reais em armários de luxo para o sítio e para o tríplex
que, de acordo com as investigações, a empreiteira OAS reformava para o
petista.
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