Dizendo-se amargurado com o processo de impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
orientou o PT a travar duro embate com o governo do presidente Michel
Temer (PMDB).
Em reunião com a cúpula do partido, nesta sexta-feira
(2), Lula afirmou que cabe aos movimentos sociais apresentar pautas de
reivindicações ao atual presidente, mas que o "PT vai à luta e não tem
que negociar com Temer", nem mesmo projetos em tramitação no Congresso.
O ex-presidente repetiu que se enganam aqueles que apostam no fim do partido. "Ninguém vai matar o PT", frisou.
Ele
disse, porém, que Dilma não ouviu seus conselhos. E recomendou uma
"reciclagem" rápida do PT, num prazo de até um ano. Lula diz que o
partido não deve consumir muito tempo em balanços. Numa alusão aos
aliados, afirmou que "até os amigos estão contentes" com enfraquecimento
do PT para herdar o exército de militantes. Daí, a pressa.
"Para fazer balanços, contratem especialistas. Temos que nos recuperar rapidamente", recomendou.
Afirmando
que se dedicará ao partido, o ex-presidente defendeu, no entanto, a
renovação partidária. Aos velhos como ele, acrescentou, cabe apenas
aconselhar. "Dei conselhos a Dilma, mas ela não ouviu", afirmou.
Lula
disse ainda que a petista e o prefeito Fernando Haddad cometeram falhas
na comunicação de seus governos. Um dos exemplos apresentados pelo
ex-presidente foi o fato de Dilma ter anunciado mudanças no registro de
pescadores no dia 29 de dezembro de 2014, às vésperas da virada do ano.
Ele reclamou ainda de ela ter classificado como "pacotes" medidas cujo
anúncio poderia ser diluído ao longo do ano.
LAVA JATO
O
ex-presidente sugeriu que o partido apoie a Lava Jato, mas se queixou da
atuação dos agentes responsáveis pelas investigações, comparando-os a
motoristas que, inexperientes após tirar a carta, cometem
"barbeiragens". Segundo Lula, esses agentes têm formação acadêmica, sem
que sejam necessariamente experientes.
Ele reclamou também de
politização nas investigações, contando que a Rede Globo levou ao ar uma
cópia da decisão da Receita Federal de suspender isenção do Instituto
Lula sem que sua diretoria tivesse sido notificada.
Ao pregar
oposição, ele pediu atenção especial ao caso do pré-sal, afirmando que o
movimento pelo impeachment foi alimentado por empresários interessados
em sua desnacionalização.
Lula disse que o PT deve manifestações,
como o Grito dos Excluídos, sem ser protagonistas dos atos. Após o
encontro, o presidente do PT, Rui Falcão, informou a decisão de
"engrossar os protestos". "Não somos autores da convocação. Não
pretendemos autoria disso."
O PT decidiu também reeditar a
campanha Diretas-Já, pela antecipação das eleições pela presidência. O
formato será debatido com integrantes de movimentos e partidos de
esquerda. "Não queremos ser a vanguarda de nós mesmos", disse Falcão.
Após
o discurso de Lula, o secretário de Formação do PT, Carlos Henrique
Árabe, disse que o tom dos discursos e a conclusão do encontro
representam uma "vitória de esquerda" do partido.
Avisando que
falaria pouco para poupar a garganta, Lula discursou por uma hora,
insistindo que o PT tem um legado e não será destruído. Com informações
da Folhapress.
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