O discurso que Dilma Rousseff fez nesta segunda-feira no Senado para
se defender de acusações que podem afastá-la definitivamente da
Presidência foi tratado com destaque por agências de notícias
estrangeiras e especialmente por veículos da América Latina, Espanha e
Portugal.
O jornal português Público escolheu como título a declaração de Dilma de que "estamos a um passo do golpe de Estado".
Para o diário, a presidente "não poupou nas palavras (...) no julgamento em que deverá ser destituída do cargo".
"Dilma
Roussef, com pouca esperança de rebater o ataque cerrado de que está a
ser alvo, passou ela própria ao ataque, identificando os inimigos num
terreno que lhe é hostil", diz a reportagem, que citou as menções de
Dilma ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e à "grande
mídia brasileira, a quem acusou de conivência com a direita".
O Público
citou a presença do cantor Chico Buarque e do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva entre os apoiadores de Dilma no plenário do Senado.
'Governo usurpador'
"Dilma denuncia golpe para dar lugar a um 'governo usurpador'", diz o jornal argentino Clarín
no título de uma reportagem sobre a fala da presidente. Segundo o
jornal, a presidente falou aos senadores com um "gesto de inocultável
incômodo".
"A presidenta enfrenta agora sua última batalha, na
sucessão de crises que enfrenta desde que iniciou seu segundo mandado",
afirma o texto.
O diário espanhol El País tratou a
defesa de Dilma como o tema mais importante de seu site internacional e
transmitiu a sessão do Senado ao vivo. A fala da presidente afastada
foi comentada em tempo real por repórteres do jornal.
O El País diz que Dilma "repetiu que o processo é um golpe contra a democracia e assegurou que se manteve dentro da legalidade".
O americano USA Today publicou uma reportagem da agência Associated Press segundo a qual Dilma discursou "lutando para salvar seu emprego".
O
texto diz que a fala da presidente ocorre no quarto dia de um
julgamento que teve "palavrões, gritos e uma declaração do presidente do
Senado, Renan Calheiros, de que a 'burrice não tem limites'".
O USA Today afirma
que "a líder esquerdista é acusada de violar regras fiscais para
esconder problemas no orçamento federal", mas que ela rejeita as
acusações e argumenta que seus inimigos estão conduzindo "um golpe de
Estado".
Falta de mulheres
A TV portuguesa RTP destacou as críticas de Dilma ao ministério de Michel Temer, "especialmente pela falta de mulheres no novo governo".
"A
presidente suspensa também deixou críticas àqueles que apenas quiseram
procurar pelo 'pior' no processo de impeachment, sem tentar encontrar
soluções positivas para o Brasil."
Com o título "Rousseff diz que
'futuro do Brasil está em jogo' em julgamento no Senado", a agência
Reuters cita em reportagem as menções que a presidente fez em seu
discurso a seus opositores.
Dilma, diz a agência, "denunciou o
processo de impeachment de nove meses que paralisou a política
brasileira como um complô para derrubá-la e proteger os interesses das
classes privilegiadas do Brasil, incluindo a privatização de bens
públicos como as massivas reservas de petróleo do pré-sal".
A
Reuters afirma que, enquanto Dilma chegava ao Senado, "centenas de
apoiadores cantavam 'Dilma, guerreira da nação brasileira'" do lado de
fora do Congresso.
Respeito à Constituição
A TV Telesur,
que tem entre seus financiadores os governos de Venezuela, Cuba e
Bolívia, enfatizou a fala de Dilma de que "jamais atentaria contra a
democracia ou a Constituição".
"A líder de esquerda, que em 2014
foi reeleita como presidenta do Brasil por mais de 54 milhões de
cidadãos, defende o respeito pela democracia e a vontade do povo.
Ademais, rechaça a 'injustiça de ser condenada inclusive sendo
inocente'", diz reportagem no site da emissora.
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