Advogado da presidente afastada Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo
se emocionou fortemente nesta terça-feira e foi às lágrimas depois de
apresentar, no plenário do Senado, a defesa da petista no processo de
impeachment. Com olhos marejados e, depois, com lágrimas em profusão,
ele criticou a estratégia da advogada Janaína Paschoal de ter afirmado
que a destituição de Dilma levava em conta também o futuro dos dois
netos da presidente.
Janaína havia afirmado em sua manifestação em plenário, também
emocionada, que reconhecia que o processo de impeachment causava
“sofrimento” à Dilma e disse: “muito embora eu esteja convicta de que
estou certa, reconheço que minhas atitudes podem gerar sofrimento. Peço
desculpas à presidente Dilma porque sei que a situação que ela está
vivendo não é fácil. Muito embora não fosse meu objetivo, lhe causei
sofrimento. Peço que um dia ela entenda que eu fiz isso também pensando
nos netos dela”.
Consolado pela senadora Fátima Bezerra (PT-RN),
também com lágrimas nos olhos, e pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ),
integrantes da tropa de choque de Dilma, Cardozo resumiu: “nunca deixei
de me emocionar diante da injustiça”. “Aquele que perde a emoção diante
da injustiça é alguém que se desumanizou. As palavras da acusação foram
muito injustas. Para quem conhece Dilma Rousseff, pedir a condenação
para defender os seus netos é algo que me atingiu muito fortemente. É
errado. Não é justo. Do ponto de vista humano, aquele que perde a
capacidade de se indignar diante da injustiça perdeu sua humanidade. Me
emocionei para não perder a minha”, disse.
“Achei profundamente
injusta a menção aos netos. Não condeno alguém dizendo que vou resolver o
futuro para os netos. Não posso fazer isso. Cada um é dono da sua
razão, cada um é dono da sua verdade, cada um é dono do que acredita.
Acredito que não se pode nunca, jamais, perder a capacidade de se
indignar diante da injustiça. Me dói e não quero nunca perder esse
sentimento ao longo da minha vida. Inadmissível. Acho inadmissível
alguém pedir a condenação e dizer que faz pelos netos. É muito triste”,
completou.
Em sua exposição em defesa de Dilma na etapa final do
processo de impeachment, José Eduardo Cardozo já havia destacado que, no
período em que Dilma foi presa na ditadura militar, a alegação era de
que o processo seria bom “para seus filhos e netos”. “Qual era a
acusação dirigida àquela jovem, quase menina? Lutar a favor da
democracia, lutar contra a ditadura. Era essa a acusação formal? Não. A
acusação formal eram pretextos”, acusou.
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