Último a ser ouvido neste sábado no Senado, o professor de
Direito Ricardo Lodi afirmou que não é qualquer violação à lei de
orçamento que pode virar crime de responsabilidade. Ele foi interpelado
apenas como informante no julgamento do impeachment, por ter atuado como
perito e advogado de Dilma Rousseff. Lodi afirmou que a “analogia entre
atrasos e operações de crédito foi uma construção criada depois dos
fatos serem supostamente praticados”. O depoente encerrou a fase de
testemunhas de defesa da noite de sábado.
“A mudança que houve
sobre a questão da compatibilidade entre os decretos de crédito
suplementar e a meta fiscal foi a criação de direito novo, não por
alteração da letra da lei, mas por alteração da interpretação”, disse.
“A Constituição e a lei de impeachment falam de atentado à Constituição.
A partir do acórdão do TCU, de outubro de 2015, é que essa
interpretação é alterada com fator retroativo, para atingir a fatos já
praticados.” Ele avaliou a decisão do TCU como uma “inovação no direito
orçamentário”, que só poderia ser aplicada em casos futuros.
A
acusação protestou contra a oitiva de Lodi. O senador Ricardo Ferraço
(PSDB) disse que, como Lodi advoga para Dilma Rousseff e se expressa nas
redes sociais com parcialidade em relação ao processo, seu depoimento é
“patético”. “Mais do que um advogado, estamos aqui diante de um
militante”, comentou. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
Ricardo Lewandowski, reiterou que Lodi presta esclarecimentos como
colaborador. Poucos governistas se inscreveram para questionar a
testemunha.
Crime de responsabilidade
Mais
cedo, o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa defendeu a edição de
decretos que liberam créditos suplementares feita por Dilma Rousseff,
afirmando que ela seguiu “estritamente o que está na lei”. Segundo
Barbosa, o quarto indicado pela defesa a falar no processo de
impeachment, não há “base para crime de responsabilidade da presidente
da República, nem na edição de decretos, nem na questão do pagamento de
passivos junto aos bancos públicos”.
Segundo a denúncia, a edição
dos decretos feriu a lei por ter sido feita sem o aval do Congresso
Nacional. Barbosa, que respondeu a questionamentos de senadores durante
cerca de oito horas como testemunha de defesa de Dilma Rousseff, afirmou
que o sistema de elaboração dos decretos existe há mais de uma década.
(Com Estadão Conteúdo)
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