RIO — Dizendo-se "indignado", o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira,
que a abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma
Rousseff foi um gesto de "insanidade" do presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que estaria colocando interesses
pessoais acima dos do país.
—
No dia em que a presidente Dilma consegue aprovar as novas bases para o
Orçamento de 2015, recebe um gesto de insanidade, que é o pedido de
impeachment — afirmou Lula, após reunião de meia-hora com o governador
do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Para Lula, o risco é que a crise política aprofunde a crise econômica:
—
A presidente fazendo um esforço incomensurável para aprovar o ajuste
(fiscal), recuperar a economia, mas o presidente da Câmara me parece que
tomou a decisão de não se preocupar com o Brasil.
O ex-presidente afirmou que é preciso votar o mais rápido possível o processo de impeachment:
—
Não podemos permitir que essa loucura do Eduardo Cunha tenha
prosseguimento, tem que resolver isso logo. Se deixar passar Natal, ano
novo, quem vai querer investir no país?
Lula
foi consultado e concordou com a decisão do PT de partir para o
enfrentamento com Cunha, o que deflagrou o processo de impeachment. O
temor era que o presidente da Câmara aceitasse o pedido de afastamento
de Dilma mesmo que fosse salvo pelos petistas no Conselho de Ética.
Em
reunião do diretório nacional do PT, no final de outubro, Lula havia
afirmado que a prioridade do partido tinha que ser aprovar as medidas de
interesse do governo na Câmara, e não "derrubar" Cunha. Nesta
quinta-feira, ele afirmou que não mudou de posição:
—
Minha ideia era que tinha que priorizar as reformas (econômicas) que a
Dilma precisava. Se a economia não voltar a crescer, em casa que não tem
pão, todo mundo briga e ninguém tem razão.
O
ex-presidente acusou o PSDB de promover um terceiro turno da eleição ao
apoiar o pedido de impeachment e de apostar "no quanto pior melhor".
Lula pediu a Pezão que lidere um pacto de governadores contra o
impeachment. Na manhã desta quinta, Pezão conversou com Dilma por
telefone, manifestou solidariedade a ela e disse que falaria com outros
governadores.
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