RECIFE — A presidente da
República, Dilma Rousseff, disse esperar ter a "confiança" do vice
Michel Temer para enfrentar o processo de impeachmeant em andamento no
Congresso Nacional. Ela afirmou ainda que deseja manter no governo o
ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil), que é ligado a Temer e teve seu
pedido de demissão tornado público nesta sexta-feira. Dilma está em
Pernambuco, onde teve reunião com autoridades locais para debater um
plano de combate ao mosquito Aedes Aegypti, que transmite a dengue, a
febre chikungunya e o vírus Zika.
—
Eu espero integral confiança do Michel Temer e tenho certeza que ele a
dará. Ao longo desse tempo, eu desenvolvi a minha relação com ele e
conheço o Temer como pessoa, como política e como grande
constitucionalista — afirmou Dilma.
Sobre
o ministro Padilha, ela destacou por duas vezes ter se esforçado para
mantê-lo no cargo durante a reforma ministerial que empreendeu para
cortar pastas. Disse que como não conversou com ele, não considera a
saída como definitiva.
— Eu
me esforcei bastante para manter na reforma ministerial o ministro
Padilha no governo. Por quê? Porque achava, e acho ainda, que o ministro
Padilha na direção do ministério dos Portos, desculpe, dos Aeroportos —
na época chamava secretaria, mas hoje é ministério — acredito que está
fazendo um trabalho muito importante. Eu não recebi nenhuma comunicação
do ministro Padilha e eu ainda conto com a permanência do ministro
Padilha no governo — disse a presidente.
Ela
voltou a alfinetar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
dizendo não ter conta na Suíça e afirmou que não há fundamento para o
processo de impeachment. Questionou a afirmação de que teriam havido
pedaladas fiscais em 2015 pelo fato de o ano não ter acabado e ressaltou
que a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre suas contas de
2014 não é definitiva e, portanto, também não serve como base. Disse
ainda que as práticas orçamentárias que embasam a acusação já foram
praticadas nos governos Lula e Fernando Henrique.
—
Até o meu julgamento pelo TCU eram absolutamente legais as práticas de
que me acusam. Não só no meu governo, mas no governo do presidente Lula,
no governo antes do presidente Lula, em todos os governos. É importante
que a questão seja colocada nos seus devidos termos. Não há base, não
procede esse pedido. Ele tem outros fundamentos, que eu lamento, porque
coloca em questão a maturidade da democracia — afirmou a presidente.
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