BRASÍLIA – O Ministério Público
Federal denunciou à Justiça Federal 16 pessoas por envolvimento em
negociação para aprovação de medidas provisórias (MP), investigação que
faz parte da Operação Zelotes. Entre eles estão o lobista Alexandre Paes
dos Santos, a ex-secretária da Câmara de Comércio Exterior Lytha
Spíndola e o jornalista Fernando Cesar Mesquita.
Dos
denunciados, sete estão presos. Foram identificados crimes de
organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva e
extorsão. A lista de pedidos do Ministério Público à Justiça inclui o
ressarcimento de R$ 879,5 milhões de reparação aos cofres públicos. É a
estimativa da Receita Federal com a perda da corrupção.
A
Polícia Federal concluiu o relatório na última sexta-feira sobre a
suposta compra de trechos de medidas provisórias de redução de impostos
para montadoras, especialmente para a Caoa, representante da Hyundai, e
da MMC Automotores do Brasil, a fábrica de carros da Mitsubishi no
Brasil.
Os procuradores da
República no Distrito Federal que atuam no caso afirmaram que essa é a
apenas a "ponta do iceberg". O procurador José Alfredo de Paula e Silva
informou que está confirmada a atuação de uma organização criminosa, que
tentava influenciar tramitações de medidas provisórias e também atuou
no pagamento de propina a parlamentares para alterar texto no Congresso
de acordo com seus interesses.
Na
denúncia oferecida nesse lote, não consta o nome de Luis Cláudio Lula
da Silva, filho do ex-presidente. O procurador afirmou que esse caso
ainda está sendo investigado. José Alfredo afirmou também que houve
citação do nome do ex-ministro Gilberto Carvalho, que foi ministro da
Secretaria Geral da Presidência no governo Lula, mas que não há, por
enquanto, comprovação de seu envolvimento.
—
É preciso tomar cuidado. A organização criminosa existe, atuou, mas é
possível que nomes de servidores públicos tenham sido usados. No caso
dele (Gilberto Carvalho) não foi usado, nem pela Polícia Federal ou pelo
Ministério Público, uso de coercitiva (condução coercitiva) e o que
temos são anotações de terceiros. É preciso ter cautela — disse José
Alfredo.
A empresa dela, a
LFT Marketing Esportivo, recebeu pagamentos de R$ 2,5 milhões a título
de consultoria da Marcondes e Mautoni, cujos donos estão presos
preventivamente sob a suspeita de operar a suposta compra de medidas
provisórias. A Polícia Federal decidiu apartar as investigações sobre o
filho de Lula, com a instauração de novo inquérito, diferente do
procedimento que já resultou em 19 pessoas indiciadas pela PF.
Segundo o procurador, não há qualquer menção ao nome do ex-minsitro da Fazenda Guido Mantega.
Os
parlamentares que supostamente teriam participado do esquema, recebendo
propina par ajudar na votação, são da legislatura de 2009. Foram
encontrados e-mails nos quais um envolvidos diz que os parlamentares
precisam ter calma, exigir menos pagamento de propina.
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