Deputados do PT,
PC do B, Rede e PSOL na Câmara entregam na tarde desta terça-feira, 15,
ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma carta aberta pedindo o afastamento
cautelar do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O documento de
cinco páginas, assinado por 50 parlamentares dos quatro partidos, acusa
o peemedebista de prevaricação e enumera episódios em que, segundo
eles, a presidência da Câmara teria sido exercida "para benefício
privado, autoproteção em investigações e usufrutos inconstitucionais".
"Trata-se
de um pedido de socorro para que Supremo determine o afastamento
cautelar porque, na medida em que o inquérito é instaurado na Casa, ele (Cunha) estando
na presidência vai interferir permanentemente no processo", disse a
deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ). Segundo ela, o pedido foi feito
ao Supremo porque não há o dispositivo do afastamento no regimento da
Casa, que prevê a saída de um presidente apenas via cassação ou
renúncia.
No texto, os deputados citam como exemplo de uso de
prerrogativa de presidente para benefício próprio a divulgação, pelo
peemedebista, do acolhimento do pedido de impeachment da presidente
Dilma Rousseff apenas quatro horas depois de a bancada do PT ter
decidido votar pela admissibilidade da representação contra ele.
Relatam
também a atuação de Cunha para interferir no resultado da eleição da
Comissão Especial para apreciação do pedido de impeachment, como a
prorrogação do prazo para a instalação e a abertura de uma votação
secreta para a eleição do colegiado.
Outro caso citado é a
abertura da ordem do dia com um quórum (186) aquém do necessário para
deliberações (257), com intuito, segundo os deputados que assinam o
pedido, de impedir a realização da primeira reunião de apreciação do
parecer do relator do processo contra ele no Conselho de Ética.
"O
deputado Eduardo Cunha parece interferir até na disponibilização dos
espaços para as reuniões do Conselho de Ética", diz o texto, descrevendo
as reclamações do presidente do colegiado, deputado José Carlos Araújo
(PSD-BA), de dificuldade de espaço para a realização das reuniões.
O
documento lembra que Cunha usou a página da Casa para apresentar sua
defesa quando o relator Fausto Pinato (PRB-SP) apresentou seu parecer
pela admissibilidade do processo contra ele. Com isso, diz o texto,
Cunha "perverteu para benefício pessoal o preceito da publicidade nos
atos administrativos".
O pedido relata ainda a atuação de aliados
de Cunha após o Supremo negar o pedido para afastar Pinato. O presidente
em exercício da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), deu provimento na Câmara
ao recurso e considerou nulos os atos praticados pelo relator. "Tais
fatos fizeram com que sequer a fase preliminar do processo - a votação
pela admissibilidade/arquivamento - fosse vencida, após constar na pauta
de sete reuniões do colegiado", diz o texto.
Prevaricação. Os
deputados signatários ao pedido afirmam ainda que Eduardo Cunha cometeu
o crime de prevaricação ao não remeter à Corregedoria da Câmara o
pedido de abertura de sindicância para apuração das condutas dos 22
deputados federais denunciados pela Procuradoria-Geral da República no
âmbito da Operação Lava Jato.
"Ao praticar atos acima mencionados,
em que usa a função para se defender de acusações na esfera privada
claramente afronta o espírito republicano que exige imparcialidade e
atuação pública em prol da coletividade e fere os princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência",
conclui o texto.
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