Os movimentos que organizaram os três grandes
protestos de rua para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff
marcaram para hoje novos atos, desta vez com o objetivo de emparedar o
Congresso. Se em abril, maio e agosto as manifestações eram a forma de
pressão para que o pedido de impedimento fosse aceito, a partir do
acolhimento, no dia 2, as ruas passaram a ser consideradas tanto pelo
governo quanto pela oposição como o termômetro para a tramitação do
processo no Parlamento.
O desafio extra para os organizadores é
realizar, em um prazo de menos de duas semanas, um protesto que seja
mais representativo que o ato de apoio a Dilma organizado como um
contraponto aos movimentos sociais alinhados ao PT, como a CUT, MTST e
UNE, que esperam levar 50 mil pessoas às ruas de São Paulo e Brasília na
quarta-feira.
Pegos
de surpresa com a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) após protelar por diversas vezes o acolhimento do pedido de
impedimento da presidente, os organizadores dos atos pró-impeachment
dizem que, em função do pouco tempo para mobilização, não têm a
pretensão de achar que o ato de hoje será algo do porte que levou
milhares de pessoas às ruas em 15 de março, 12 de abril e 16 de agosto.
Por isso, a manifestação de hoje é considerada um “esquenta” para um
grande protesto que deve ser realizado em 2016, ainda sem data marcada.
Ainda
assim, o feedback nestas duas semanas empolgou o empresário Rogério
Chequer, porta-voz do Vem Pra Rua. “Vai ser um pouco acima de um
esquenta”, disse ele. O empresário argumenta que, inicialmente, o plano
era envolver apenas as capitais, mas houve demanda espontânea de outras
cidades.
Para Renan Santos, um dos líderes do Movimento Brasil
Livre, a interação nas redes é maior que nos atos anteriores.
“Conversamos com as pessoas nas ruas e tem muita gente sabendo. Vamos
ver como será.” Até sexta-feira à tarde, o Vem Pra Rua tinha confirmado
atos em 85 municípios e o MBL, em 67. Em alguns deles, os grupos
dividirão espaço entre si e com outros movimentos de menor expressão.
2016.
Em São Paulo, cinco carros de som se concentrarão próximos ao Masp, na
Avenida Paulista. O MBL vai levar balões gigantes com os rostos de
Dilma, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do ministro do Supremo Tribunal
Federal Luiz Edson Fachin e dos deputados Celso Russomanno (PRB-SP) e
Rogério Rosso (PSD-DF). “Estamos de olho em 2016”, disse Renan Santos.
No
Rio, o diretório carioca do PSDB convidou Cunha para o protesto no
Posto 5, em Copacabana. Por meio de sua assessoria, o presidente da
Câmara informou que não comparecerá ao ato, organizado por cerca de dez
movimentos anti-Dilma. / COLABOROU CONSTANÇA REZENDE
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