O
juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, abriu ação penal
contra o empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do
ex-presidente Lula, e outros 10 investigados. Bumlai é acusado de
corrupção e gestão fraudulenta (Lei do Colarinho Branco). Ele é o
principal protagonista do polêmico empréstimo de R$ 12 milhões tomado
junto ao Banco Schahin, que teria como destinatário final o PT.
A
denúncia contra Bumlai foi protocolada na Justiça Federal nesta
segunda-feira, 14, pela força-tarefa do Ministério Público Federal. Além
do amigo de Lula, tornaram-se réus o clã Schahin – os irmãos Salim e
Milton Schahin e Fernando Schahin -, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari
Neto, os ex-diretores da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró e
Jorge Zelada, o ex-gerente executivo da estatal Eduardo Musa e o
lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano.
Moro também
recebeu a denúncia contra o filho de Bumlai, Maurício de Barros Bumlai, e
a nora do pecuarista, Cristiane Dodero Bumlai.
Segundo a acusação
do Ministério Público Federal, o Banco Schahin concedeu, em 14 de
outubro de 2004, empréstimo de R$ 12.176.850,80 a Bumlai. “O empréstimo
teria como destinatário real o Partido dos Trabalhadores, tendo José
Carlos Bumlai sido utilizado somente como pessoa interposta.”
O
empréstimo, com vencimento previsto para 3 de novembro de 2005, não foi
pago e nem possuía garantia. Foi ele sucessivamente aditado. Ao final de
2015, foram concedidos pelo Banco Schahin empréstimos de R$
18.204.036,81 a AgroCaieras, empresa constituída por Bumlai para quitar o
empréstimo.
Em 28 de março de 2007, o Banco Schahin cedeu o
crédito, no montante de R$ 21.267.675,99 à Schahin Securitizadora de
Crédito. A divída, sem que tivesse havido qualquer pagamento até então,
foi quitada em 27 de janeiro de 2009, mediante contrato de transação,
liquidação e dação em pagamento de embriões de gado bovino por Bumlai
para empresas do Grupo Schahin.
Segundo a Procuradoria da
República, a verdadeira causa para a quitação da dívida seria a
contratação da Schahin pela Petrobrás para operação do navio-sonda
Vitoria 10.000, ao preço de US$ 1,6 bilhão em 28 de janeiro de 2009,
‘com memorando de entendimento entre a Petrobrás e a Schahin tendo se
iniciado em 2007′.
O contrato da Petrobrás com a Schahin foi
celebrado pelo prazo de dez anos, prorrogáveis por mais dez anos, com
valor mensal de pagamento de US$ 6.333.365,91 e valor global de
pagamento de US$ 1,562 bilhão.
“Presentes indícios suficientes de
autoria e materialidade, recebo a denúncia contra os acusados acima
nominados”, afirmou Moro ao abrir a ação penal.
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