Por Lisandra Paraguassu
Numa clara sinalização de
que quer fazer mudanças na política econômica, a presidente Dilma
Rousseff escolheu Nelson Barbosa para assumir o comando do Ministério da
Fazenda, substituindo Joaquim Levy, que ficou na pasta por apenas um
ano.
Barbosa é atualmente o ministro do Planejamento e vai trocar
de pasta com o objetivo de ampliar o discurso sobre a necessidade de
organizar as contas públicas para incluir também esforços voltados ao
crescimento e resgatar a confiança de empresários e famílias.
Dilma,
numa solução caseira, também decidiu que o atual ministro da
Controladoria-Geral da União (CGU), Valdir Simão, assumirá o
Planejamento no lugar de Barbosa. Os ministros assumem as novas pastas
no início da próxima semana.
A saída de Levy havia sido acertada
para um pouco mais tarde, mas a presidente resolveu acelerar o processo
porque o ministro começou a dar sinais públicos de que estava deixando o
governo. Desagradou Dilma também o fato de Levy ter trabalhado nos
bastidores contra a meta de superávit primário mais flexível em 2016.
Na
véspera, o Congresso aprovou uma meta menor, de 0,5 por cento do
Produto Interno Bruto (PIB), ante 0,7 por cento defendida por Levy, mas
barrou a possibilidade de descontos, como inicialmente queria o
Executivo.
Enquanto Barbosa queria reduzir o objetivo e abrir a
possibilidade de abatimento --que, na prática, zeraria a meta--, Levy
defendia que ela não deveria ser mexida, reforçando seu discurso
basicamente voltado para a área fiscal.
Segundo uma fonte do
governo, o discurso de Levy voltado apenas para ajustes fiscais não
agradava mais a presidente, que quer também declarações voltadas para o
crescimento.
Por meio da sua assessoria de imprensa, o
ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, argumentou que a mudança de
ministro da Fazenda não significa o fim do ajuste fiscal, e que o
governo vai insistir em concluir a votação das medidas que estão no
Congresso e na aprovação da CPMF em 2016. Também afirmou que o governo
dará continuidade às reformas necessárias à economia.
Diante do
constante vaivém do alvo da economia para pagamento dos juros da dívida
pública, o Brasil perdeu o grau de investimento pelas agências de
classificação de risco Fitch e Standard & Poor's.
A ida de
Barbosa para o Ministério da Fazenda não agradou os mercados, que
acreditam que o ajuste fiscal pode ser colocado de lado. A Bovespa
despencou quase 3 por cento, enquanto que o dólar futuro saltou 2,5 por
cento sobre o real.
"Já se imaginava que a reação do mercado seria
ruim. Mas o que se diz do ministro é errado. Não se vai abandonar o
ajuste fiscal, que é essencial para o país", afirmou uma outra fonte do
Palácio do Planalto, sob condição de anonimato.
Levy chegou a
admitir pela manhã, durante café da manhã com jornalistas, que havia
conversado com a presidente Dilma sobre sua saída do governo.
Segundo o Palácio do Planalto, assume interinamente como Ministro da CGU, Carlos Higino Ribeiro de Alencar.
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