BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em depoimento à Polícia Federal que os diretores da Petrobrás alvos da Operação Lava Jato não foram escolhidos por ele, mas pelos partidos políticos que apoiaram o seu governo. Na versão do petista, coube a ele apenas indicar formalmente os nomes ao Conselho de Administração da estatal, que os referendou. O ex-presidente foi ouvido na última quarta-feira, na condição de “informante”, em inquérito que apura suposta formação de quadrilha por políticos de PP, PT e PMDB para desviar recursos da companhia.
Os investigadores questionaram o ex-presidente sobre o processo de indicação e nomeação dos executivos da Petrobrás e também a respeito de suas relações com o pecuarista José Carlos Bumlai. Atualmente preso em Curitiba, o empresário confessou ter tomado, em seu nome, empréstimo de R$ 12 milhões no banco Schahin para o caixa 2 do PT – o valor nunca foi pago. Lula confirmou ser amigo de Bumlai, mas disse desconhecer suas atividades.
O relato sobre as declarações de Lula foi feito ao Estado por uma das pessoas que acompanharam o depoimento. A defesa do ex-presidente e a Polícia Federal não se pronunciaram sobre o conteúdo do depoimento.
Ainda sobre as indicações para a Petrobrás, o ex-presidente afirmou que, como não havia na época suspeitas de corrupção envolvendo os nomes indicados pelos partidos, coube a ele indicá-los para o conselho da Petrobrás, o que seria um processo normal. A ele foi informado que eram funcionários de carreira da estatal
Em tese, as indicações para o alto escalão das estatais passam pelo crivo de órgãos de controle interno, como Agência Brasileira de Inteligência (Abin), aos quais cabe verificar se há histórico desabonador sobre o pleiteante. Lula afirmou que não tinha relação de intimidade com os diretores investigados. Contou que apenas José Eduardo Dutra (morto em outubro deste ano), que foi diretor-presidente de janeiro de 2003 a julho de 2005, foi uma escolha pessoal.