Programa que permite reduzir salário terá que ser aprovado por trabalhadores
Para que as empresas possam aderir ao Programa de Proteção ao Emprego,
criado na segunda-feira (6) pelo governo federal, os trabalhadores terão
que aceitar a proposta por meio de acordo coletivo firmado entre a
categoria e as entidades patronais. A medida provisória assinada pela
presidenta Dilma Rousseff prevê a redução de jornada de trabalho e de
remuneração de até 30%, proposta que recebeu o apoio dos representantes
de centrais sindicais.
De acordo com Rafael Marques,
presidente Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o programa já havia sido
reivindicado em 2012 para ser utilizado em momentos “delicados”, e vai
possibilitar a preservação do emprego e da renda: “O programa é
bem-vindo, vem em boa hora. Um gasto com maior qualidade e retorno
econômico importante para o país o para os trabalhadores. Ele incentiva o
diálogo entre os trabalhadores e as empresas”.
De acordo com o
ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, o programa
também preserva a produtividade da empresa ou indústria na medida em
que permite o vínculo empregatício no momento em que enfrenta volume
menor de vendas. De acordo com o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel
Dias, o programa é experimental e terá um prazo máximo de vigência
(final de 2016), o que permitirá ao governo avaliar as suas
consequências.
Representante de um dos setores responsáveis pelo
maior número de demissões em 2015, o presidente da Associação Nacional
de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, também
analisa a medida como favorável. “[O programa é de] extrema relevância,
fundamental, pois segura o emprego, destinado à superação o de crises,
que sabemos que vão e vem. Na verdade, na nossa visão, [ele é] um
instrumento fundamental de ultrapassagem de qualquer crise. Hoje, no
nosso segmento temos queda de demanda, basicamente fruto do baixo nível
de confiança do consumidor, cujo principal fator é o medo de perder o
emprego. Está sendo colocado na hora adequada e de forma adequada”,
avaliou.
Segundo Paulo Cayres, presidente da Confederação Nacional
dos Metalúrgicos, filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), a
adesão dos trabalhadores é um dos elementos principais do programa.
“Você tem que convencer e construir através de uma proposta, com votação
dos trabalhadores. Se o sindicato entender que é bom, ele vai convencer
os seus trabalhadores e trazer os empresários para dentro dessa
proposta”, disse.
Na opinião de Cayres, a medida poderá ser
utilizada para reverter demissões e suspensões temporárias do contrato
de trabalho (sistema conhecido como lay-off). “A nossa estratégia é
essa. Quem está em lay-off, nós vamos pedir para mudar, só que temos um
trâmite [da medida provisória no Congresso], que são quatro meses. Mas
isso fortalece, porque antes você não tinha nada para apresentar para o
patronal. Então, ele executa os mecanismos que tem”, afirmou.
Outra
exigência serão os indicadores econômicos e financeiros que a empresa
terá que comprovar, antes de aderir ao PPE. Nesse sentido, um comitê
interministerial, cuja primeira reunião ocorrerá amanhã (7), terá 15
dias para definir os critérios de enquadramento dos setores e empresas.
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