CPI da Petrobras convoca Cardozo, Marcelo Odebrecht e Júlio Camargo
A CPI da Petrobras aprovou
nesta quinta-feira a convocação do ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo e de executivos de empreiteiras, como Marcelo Odebrecht, da
Odebrecht, e Otávio Marques de Azevedo, da Andrade Gutierrez, presos no
mês passado em uma das fases da Operação Lava-Jato. O consultor da Toyo
Júlio Camargo, um dos delatores do esquema, também foi chamado.
Operadores do pagamento de propina no esquema, como o policial Jayme de
Oliveira Filho, o “Careca”, também foram chamados. O bloco de
requerimentos aprovados foi proposto pelo relator da comissão, Luiz
Sérgio (PT-RJ).
A CPI aprovou
ainda a convocação da advogada Beatriz Catta Preta, que se notabilizou
pela realização de delações premiadas na Lava-Jato. A advogada foi
chamada como retaliação após ter conseguido no Supremo Tribunal Federal
(STF) um habeas corpus para que um de seus clientes, o ex-gerente da
Petrobras Pedro Barusco, não tivesse de comparecer à comissão para
acareações nessa semana.
Foi
aprovada ainda a realização de uma nova acareação, envolvendo Augusto
Ribeiro de Mendonça, executivo da Setal, o ex-diretor de Serviços da
Petrobras Renato de Souza Duque e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari
Neto.
A inclusão de Cardozo
pelo petista entre os convocados ocorre em um momento em que a bancada
do partido questiona a atuação do ministro por falta de “controle” da
atuação da Polícia Federal na Operação Lava-Jato. Luiz Sérgio justificou
o chamado ao ministro para que ele explique a suspeita de grampo ilegal
que teria sido feito pela PF na cela em que o doleiro Alberto Youssef
ficou preso no início da Lava-Jato.
–
O depoimento de delegados da Polícia Federal trouxe uma dúvida entre
nós sobre a legalidade ou não dos grampos. Então, entre esses
requerimentos, está a convocação do ministro José Eduardo Cardozo para
que como chefe da PF possa esclarecer essas dúvidas que passavam a
pairar sobre nós – afirmou o relator.
Para
tratar deste caso, a CPI convocou ainda delegados da PF envolvidos na
Operação Lava-Jato, como Márcio Adriano Anselmo, Igor Romário de Paula e
Daniele Rodrigues. Foi pedido ainda o acesso a cópia de sindicâncias e
inquéritos relativos à escuta.
A
comissão convocou também executivos das duas maiores empreiteiras do
país, Odebrecht e Andrade Gutierrez, que foram alvo da fase “Erga Omnes”
da Lava-Jato. Foram chamados os ex-presidentes das empresas, Marcelo, e
Otávio Marques de Azevedo, além de outros executivos, como Rogério
Araújo, da Odebrecht.
Consta
na lista também requerimentos que tinham ficado de fora em sessões
anteriores e que tratam de pessoas que podem envolver o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no esquema, o empresário Julio Camargo e
o policial Jayme Careca.
Segundo
o doleiro Alberto Youssef, Julio Camargo lhe relatou ter sido alvo de
pressão de Cunha para que continuasse a pagar propina ao lobista
Fernando Baiano, tido como operador do PMDB. A pressão teria sido
realizada por meio de requerimentos apresentados por aliados de Cunha na
Câmara questionando os negócios do consultor com a Petrobras. Camargo é
um dos delatores do esquema e não mencionou Cunha em sua confissão. O
presidente da Câmara nega ter atuado para a apresentação de
requerimentos.
No caso de
Careca, o policial afirmou em um primeiro depoimento ter entregue
dinheiro em uma casa no Rio de Janeiro tendo Cunha como destinatário.
Posteriormente, mudou o depoimento e disse não saber se o presidente da
Câmara seria o beneficiário dos recursos. Para justificar o chamado ao
policial, foram chamados também Rafael Angulo Lopez e Adarico
Negromonte, irmão do ex-ministro Mário Negromonte. Os dois, assim como
Careca, faziam entrega de recursos no esquema montado por Youssef.
A
comissão voltou ainda a aprovar a quebra de sigilo de familiares de
Youssef. Desta vez, a votação foi feita de forma individual. Os
familiares tinham conseguido no Supremo Tribunal Federal (STF)
derrubando decisão anterior pela quebra de sigilo. Entre os argumentos,
estava que a votação tinha sido feita em bloco.
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